“Há um ano, fiz um aborto na Planned Parenthood. Tenho um coração bom e fazer um aborto me deixou feliz de uma forma inexplicável. Por que eu não ficaria feliz por não ter sido forçada a virar mãe?”
Por Anne-Marie Tomchak e Henry Wilmer, do BBC
A história, contada no Facebook pela americana Amelia Bonow, deu origem a uma onda de polêmica nas redes sociais e levou milhares de mulheres ao redor do mundo a compartilhar relatos semelhantes online.
A hashtag #ShoutYourAbortion, algo como “grite o seu aborto”, foi utilizada 100 mil vezes em 24 horas.
A iniciativa partiu de Amelia Bonow e Lindy West, duas feministas de Seattle, em reação a uma proposta do Senado americano para retirar financiamento do grupo de saúde feminina Planned Parenthood, que realiza abortos legalmente.
A proposta, por sua vez, ocorre após um grupo antiaborto publicar vídeos em que acusa o Planned Parenthood de vender tecidos de fetos abortados. O grupo alega que seus empregados estavam discutindo a doação dos tecidos para pesquisa, e não para obter lucro.
Quanto à campanha online, “são mulheres falando sobre aborto de sua forma. Ao fazer isso, reduzem o estigma que talvez tenha sido o responsável por este silêncio (a respeito do tema) desde o início”, diz Bonow.
A outra responsável pela hashtag diz que fez um aborto em 2010.
“A carreira que eu construí desde então me satisfaz e me tornou mais capaz de cuidar dos filhos que tenho hoje”, afirma Lindy West.
Mas a iniciativa também provocou uma reação de críticas.
“Sou pró-escolha, mas acho que #ShoutYourAbortion é estúpido. É uma coisa profundamente emotiva e pessoal para a maioria das pessoas. Por que gritar isso?”, disse um usuário no Twitter.
“Por favor, não #ShoutYourAbortion (gritem seu aborto). Há milhares de casais esperando pela chance de adotar seu bebê. @ChooseLife (escolha a vida), você não vai se arrepender”, tuitou outro.
Um terceiro chamou a campanha de “celebração do mal”.