Carrefour quer censurar livro que analisa casos de racismo na rede

Livro elaborado por professores da Universidade Zumbi dos Palmares analisa o caso que levou à morte de João Alberto Freitas em 2020 em uma das lojas da empresa

O livro “Caso Carrefour, Segurança Privada e Racismo: Lições e Aprendizados” corre o risco de ser censurado antes mesmo de ser lançado, o que acontece nesta terça-feira (29), pois, o grupo Carrefour ameaça processar os autores da obra.

A obra, que foi escrita pelos pesquisadores Susana Durão e Josué Correira, usa o assassinato de João Alberto Silveira Freitas em novembro de 2020 por seguranças de uma loja da rede em Porto Alegre. Cabe lembrar, que o crime ocorreu um dia antes do Dia Nacional da Consciência Negra.

Danilo Bonadio Bonfim, gerente jurídico do Carrefour, enviou e-mail à reitoria da universidade e afirmou que a pesquisa “contém graves imprecisões e equívocos”.

Entre os equívocos, o representante jurídico do Carrefour afirma que o título da obra associa o nome da rede ao racismo e que o livro se utiliza da dados internos que foram disponibilizados “apenas à Fenavist (Federaçãço Nacional das Empresas de Segurança e Transportes de Valores) em reunião particular”.

O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, defende a obra e afiram que ela se baseia em vasto material disponível na imprensa e entrevistas com jovens negros pertencentes aos movimentos antirracistas.

“O que eles estão fazendo é censura. Nós vamos publicar, quer eles gostem ou não. E também vamos nos defender”, declarou José Vicente à Veja.

Após 6 meses, viúva de João Alberto, espancado e morto no Carrefour, fecha acordo de indenização

Seis meses depois do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro espancado por seguranças brancos terceirizados em uma das unidades do Carrefour em Porto Alegre (RS), a viúva Milena Alves fechou acordo de indenização com a empresa. O valor não foi informado.

Trata-se do nono acordo fechado entre a rede de hipermercados e familiares da vítima. Em abril, a viúva recusou a primeira oferta da empresa. Os outros acordos foram com quatro filhos, a enteada, a neta, a irmã e o pai de João Alberto.

+ sobre o tema

PMs que arrastaram Claudia Silva Ferreira acumulam 62 casos que acabaram em morte

PMs presos por arrastar Claudia Silva Ferreira pelas ruas...

Tensão racial nos EUA revela ‘militarização’ da polícia americana

Americanos com roupa e armas militares miram em grupos...

Polícia investiga 70 usuários de rede social por injúrias contra Taís Araújo

Ao menos 70 perfis de usuários do Facebook estão...

para lembrar

Alerta Negro!

Após 22 meses da violência racista, sexista e...

Nota de Repúdio ao incentivo à homofobia na USP

Por: Julio Caetano     A Associação Brasileira...

Aqui tem preto?

As barreiras raciais e as sociais andam intrinsecamente juntas. Além da...

Mobilização contra o racismo reúne cerca de 300 pessoas em Rio Claro

Direitos Humanos e Comunidade negra chamam atenção para esse...
spot_imgspot_img

UFSC reforma sistema de cotas após preencher só 8% das vagas afirmativas para professores

O Conselho Universitário da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) aprovou na terça-feira (11) um novo sistema para preencher as vagas reservadas para professores negros, indígenas...

Perfilamento racial, racismo algorítmico e direitos humanos

A Primeira Década Internacional de Afrodescendentes foi proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2015 a 2024....

Réus são condenados pela morte do congolês Moïse Kabagambe

O I Tribunal do Júri da Capital condenou, na noite desta sexta-feira, os dois réus pela morte do congolês Moïse Kabagambe, em 24 de...
-+=