Para pensar em um amanhã possível nas artes a Refazenda Rio Xopotó promoveu sua 1ª Residência Artística com cinco mulheres negras e indígenas. Patrícia Durães e Aniké Pellegrini são as produtoras por trás do projeto que busca proporcionar a liberdade de criação coletiva por meio do contato com a natureza e seus aprendizados.
Durante um mês, as artistas puderam vivenciar e criar no espaço da Refazenda, em Desterro de Melo, Minas Gerais, com todo o material de trabalho artístico, ajuda de custos e passeios inspiracionais na região. A inspiração para a residência surgiu a partir de uma experiência das produtoras, que despertou o desejo de vivenciar arte expandindo para outras mulheres que ali pudessem explorar e criar.
“Sabemos que residências artísticas acontecem em territórios internacionais mas que não são sempre acessíveis. Poder proporcionar tempo, espaço e recursos a artistas novas foi a nossa grande motivação! Esse é um projeto pensado por mulheres negras para fomentar o pensamento artístico e criativo de outras mulheres negras e indígenas, bem como apresentar a elas um pouco desse viver mineiro, na atemporalidade da roça”, explica Patrícia.
A curadoria das artistas ficou aos cuidados de Bárbara Alves, fundadora do Descolonizarte, portal de divulgação de artistas racializados de diferentes lugares do mundo. A Residência também contou com Thayná Paulino, cozinheira convidada para a temporada e que fica responsável pela parte nutricional e de alimentação das artistas e equipe. Considerando a gastronomia um valor de propósito para o projeto, ela produziu sua arte com os ingredientes fornecidos pela horta própria da Refazenda e de produtores locais, levando um pouco mais de Brasil para os pratos em cada refeição compartilhada.
Segundo as produtoras, que também são co-idealizadoras do espaço, o objetivo é propor a Residência Artística como um projeto anual na Refazenda, visando possibilitar essa experiência para artistas negras e indígenas com incentivo e investimento em suas criações, além de proporcionar novas perspectivas, experimentações e a convivência criativa coletiva.
“Fortalecer a arte feminina negra e indígena no momento atual diz muito sobre o mundo que quero que minhas filhas vivam, de potência, de liberdade de expressão, de inspiração e coragem! Com os resultados dessa primeira edição quero torná-la anual e expandir para outros gêneros e quem sabe, assim, possamos impactar também o nosso território com festivais, exposições e oficinas. Sonhar é válido!”
Conheça as artistas selecionadas para a primeira edição
Luana Carvalho
Conhecida com Lua, 23 anos, atua como artista independente na cidade de Rio Bonito desde 2017. Seu trabalho se caracteriza pela junção do visual com a poesia, tendo a colagem como extensão da palavra.
Mayara Amaral
Artista multidisciplinar residente da zona leste de São Paulo. Em seu trabalho explora a feminilidade negra, sexualidade, corpos de variadas formas, maternidade, movimentos urbanos e a procura por um fazer artístico livre com o abstrato.
Mayara Smith
Em suas obras aborda temas que falam de suas vivências enquanto mulher e negra na sociedade. É multiartista e transita em diversas linguagens como aquarela, digital, colagem, pintura, ilustração e publicações independentes.
Natali Mamani
Descendente indígena Aymara, imigrante boliviana vivendo em São Paulo. A artista faz experimentações em videoarte, filme ensaio e performance. Atualmente traz em seus trabalhos a glitch art, colagem de vídeos de baixa qualidade, referências de sua vivência como pessoa imigrante e da cosmovisão andina.
Tania Sahire
Boliviana, atualmente vivendo em São Paulo, graduanda em Artes Visuais na UNICAMP, nas modalidades de licenciatura e bacharel. Atualmente faz parte do Projeto Produção de Exposições na Galeria do Instituto de Artes da UNICAMP, do coletivo Equipe de Base Warmis – Convergência das Culturas e do coletivo artístico Centopeia.