Extrema direita francesa choca com slogan: ‘Dar futuro às crianças brancas’

Enviado por / FonteUOL, por Jamil Chade

O avanço da extrema direita na França abre caminho para campanhas cada vez mais explícitas em seu tom xenófobo. Nesta semana, um dos grupos ultraconservadores do país, o Partido da França, distribuiu cartazes com um garoto branco, de olhos azuis e um slogan:

“Vamos dar um futuro às crianças brancas.”

A campanha foi descoberta na região de Lorraine e faz parte do processo eleitoral para escolher a nova Assembleia Geral, a partir do próximo fim de semana. O movimento liderado por Marine Le Pen lidera nas pesquisas de opinião e espera conseguir assentos suficientes para nomear um primeiro-ministro.

Nos últimos dias, seu partido passou a questionar os franceses com dupla nacionalidade e até mesmo a capacidade de o presidente Emmanuel Macron ser o chefe das Forças Armadas do país.

O cartaz na pequena região da França não faz parte do movimento de Le Pen. Mas, ainda assim, revela o fim de qualquer constrangimento ao divulgar mensagens racistas.

O Partido de França, apesar da polêmica, afirmou em seu site que o cartaz foi “um verdadeiro sucesso” e que “o estoque está esgotado”. “Os nossos ativistas assumem todos os riscos para exibir os nossos slogans ofensivos e radicais em toda a França”, afirma o partido fundado por Carl Lang, um ex-membro e até secretário-geral do partido de Marine Le Pen.

De acordo com o partido, diante da polêmica, houve uma decisão de retirar o cartaz. Mas o grupo afirma que vai substitui-lo por outro, desta vez apelando à “remigração”. Ou seja, a expulsão de estrangeiros.

Cartaz do Partido da França com o slogan “que eles regressem para a África!”Imagem: Reprodução

“Que eles regressem para a África!”, dirá o novo texto.

O candidato que lidera o grupo na região, Pierre-Nicolas Nups, assumiu a autoria da mensagem.

Segundo ele, trata-se de “uma mensagem de esperança para a nossa juventude e nada mais”. “E se víssemos qualquer outra coisa nela, seria uma interpretação maliciosa”, disse. Em 2017, ele já foi condenado a seis meses de pena de prisão suspensa e cinco anos de inelegibilidade por incitação ao ódio homofóbico.

A prefeitura da pequena cidade de Neuves-Maisons entrou com um processo por “provocação à discriminação e ao ódio”. “Esta não é uma manifestação política, é uma manifestação sectária, que demoniza, que estigmatiza”, declarou Pascal Schneider, o prefeito.

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