Há 40 anos, no dia 16 de junho de 1976, a África do Sul assistiu perplexa a um massacre: centenas de jovens – a maioria negra – foram mortos no episódio conhecido como “Levante de Soweto”, hoje símbolo da luta contra o racismo no mundo.
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Na época, vigorava no país o regime de apartheid: uma minora branca governava, segregando a população negra. Essa política racial durou mais de quatro décadas, de 1948 até 1994, quando Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul.
Mas voltemos a 1976. As escolas para os negros estavam superlotadas e os professores eram desqualificados. Além disso, era necessário pagar pelos estudos, o que contrastava com a educação destinada à população branca, gratuita e de qualidade.
Para piorar, o governo sul-africano proibiu os alunos do bairro de Soweto, localizado no subúrbio de Joanesburgo, de estudarem em sua língua “bantu”. Obrigatoriamente, deveria ser ensinado nas escolas o africâner – língua-símbolo do apartheid – e o inglês. Línguas nativas, portanto, estavam vetadas. Isso foi a gota d’água.
Cerca de 20 mil estudantes sul-africanos se reuniram para protestar contra a medida. A manifestação começou calma, porém as tropas de segurança entraram em choque com os manifestantes e um estudante de 13 anos, Hector Petersen, foi assassinado pela polícia.
Os estudantes responderam atirando pedras. A polícia abriu fogo e matou mais 22 estudantes. Nos dias seguintes, muitos sul-africanos ficaram indignados com a truculência do regime e saíram às ruas, protestando contra as mortes. Até o final de 1976, o saldo era catastrófico: 600 manifestantes mortos e milhares de feridos. Em 1991, o 16 de junho passou a ser celebrado como o Dia da Criança Africana.