Impunidade em caso da morte do artista circense Ricardo Matos em 2013 é tema de congresso nos Estados Unidos

O caso da morte do artista circense Ricardo Matos, morto a tiros em 2008 aos 21 anos, enquanto jogava bola é tema de palestra de um congresso da Anistia Internacional nos Estados Unidos.

O evento, que mobiliza comunidades no mundo para resolver questões de direitos humanos, começou nesta sexta-feira (24) e vai até este domingo (26).

violencia policial2

 

Para o assessor de direitos humanos da Anistia Internacional no Brasil, Alexandre Ciconello, o caso de Ricardo se assemelha ao de Ferguson, em que o policial Darren Wilson matou a tiros Michael Brown, de 18 anos, em agosto nos EUA e motivou uma série de protestos na cidade norte-americana.

“Em ambos, a suspeita é que os assassinos são policiais”, explicou Ciconello. O caso ainda não foi julgado até hoje. “Para deixar o caso ainda mais emblemático, o irmão de Ricardo foi assassinado em 2013”, afirmou Ciconello.

violencia policial 1

 

A Anistia Internacional acompanha o caso desde 2013, a pedido do pai de Ricardo, Jorge Lázaro Nunes.

 

Memória

ndignação e dor. Este é o sentimento que tomou conta da Escola de Artes do Circo Picolino diante da estupidez do assassinato de Ricardo Matos dos Santos, um dos seus alunos mais talentosos, integrante de uma família reestruturada pelo trabalho circense.

picolino violencia racial
Ricardo chegou à Picolino encaminhado pelo projeto Axé em 1997, aos 13 anos. Foi formado pela 4ª turma do Curso de Formação de Instrutores de Circo e pelo 1º Curso Profissionalizante de artistas Circenses em 2005.

Atualmente estava de férias em Salvador e depois do Carnaval se integraria de novo a troupe do Lê Cirque, um circo de porte, onde atuava como acrobata. Ricardo jogava bola com os amigos em uma quadra na Vila Imbuí ontem, 22/01, quando os assassinos chegaram num carro civil e atiraram para matar.

Mataram Ricardo e um suposto bandido que teria passagem pela polícia. O crime tem todas as características da ação de grupos de extermínio, que agem impunemente nos bairros periféricos da cidade.

Matam suspeitos, matam desafetos, matam trabalhadores, matam inocentes.

Ricardo era um trabalhador, um jovem vencedor que driblou todas as dificuldades, todos os riscos, que lutou para alcançar uma profissão e foi assassinado em circunstâncias que exigem apuração rigorosa da polícia e de órgãos como o Ministério Público.
A Picolino se alia à família e aos amigos de Ricardo no clamor por justiça e espera que o governador Jaques Wagner determine rigor nas investigações deste assassinato.Até quando ficaremos a mercê desta barbárie que se instalou em Salvador?

Salvador, 23 de janeiro de 2008.
Anselmo Serrat – coordenador da Escola Picolino de Artes do Circo.

 

 

Fonte: Bahia Notícias e Circo Picolino

+ sobre o tema

Culturas Negras, Civilização Brasileira

Gilberto Freire escreveu em algum lugar que o brasileiro...

Seppir e Ministério do Esporte preparam campanha antirracista para a Copa do Mundo

por Isabela Vieira Preocupada com as cenas de racismo...

Entenda a Lei de Cotas nas universidades federais

Há um mês a presidente Dilma Rousseff sancionou o...

para lembrar

Mario Balotelli é advertido a não deixar campo em caso de racismo

Presidente da Associação Italian de Árbitros diz que atacante...

Bolívia é exemplo no combate ao racismo, diz relator da ONU

Para Mutuma Ruteere, a nova Constituição do país, de...

PM pede a atriz Letícia Sabatella ‘termo de responsabilidade’ por defender jovens

Ganhou repercussão nas redes sociais um episódio envolvendo a...
spot_imgspot_img

Elites que se tornaram uma caricatura

Em salões decorados com obras que ninguém sabe explicar e restaurantes onde o nome do chef vale mais que o sabor da comida servida, uma parte da elite...

Festa de São Jorge é a utopia de um Rio respeitoso e seguro

Poucas celebrações são mais reveladoras da (idealizada) alma carioca e, ao mesmo tempo, do fosso de brutalidade em que nos metemos. Todo 23 de...

Belém e favela do Moinho, faces da gentrificação

O que uma região central de São Paulo, cruzada por linhas de trem, a favela do Moinho, tem a ver com a periferia de Belém, sede...
-+=