Iniciativas de combate à intolerância e racismo são premiadas no Rio

Prêmio Osé Mimo 2017 homenageou 27 personalidades e premiou 11 iniciativas. Mãe Beata de Yemonjá, falecida em maio, recebeu prêmio especial por sua trajetória

Por Tássia di Carvalho para o Portal Geledés 

Dia 11 de outubro de 2017 ficará marcado na história da Cultura afro-brasileira carioca: A noite foi marcada por grandes emoções e homenagens para quem luta contra intolerância religiosa, combate ao racismo e pela preservação da cultura negra. Mais de 500 pessoas compareceram ao Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio, para prestigiar a segunda edição do Prêmio Osé Mimo. Ao todo, 39 personalidades foram homenageadas, 27 receberam menção honrosa, 11  receberam o Machado Sagrado após serem eleitas por um júri independente composto pela doutora Helena Theodoro, do Fundo Social Elas; Lúcia Xavier, da ONG Crioula; a cantora e produtora cultural Analimar Ventapane e Jaqueline Freitas, da Fundação Palmares. Mãe Beata de Yemonjá, falecida em maio, recebeu prêmio especial, por sua trajetória e luta contra o racismo e intolerância religiosa.

Exu abriu a noite, naquele que seria, além de um grande prêmio, um espetáculo incrível, que contou com as apresentações do jornalista Marcelo Reis e da atriz Bianca Lima, além de uma equipe de mais de 70 profissionais, das mais diversas áreas. Os bailarinos da Companhia CorpoAfro, coreografada por Eliete Miranda emocionaram e encantaram ao representarem entidades das religiões de matriz africana ao som da Orquestra de Atabaques, regida por Natanael Souza. A iniciativa conta com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.

Organizado pelo coletivo homônimo ao prêmio, Osé Mimọ significa machado sagrado, e foi idealizado por quatro casas de religiões de matriz africana: Ilé Aşé Efón, liderada pelo Babalorişa Elias d’ Iansã; Ilé Aşé Oiyá Iyá Mí, da Iyalorişa Rita d’ Oiyá; Ilé Aşé Oiyá Tolore Osun, da Iyalorişa Neném d’ Iansã; e Ilé Aşé Omin Odara, do Babalorişa Carlinhos d’ Oşaguian. O prêmio e o coletivo buscam contribuir com a preservação da diversidade étnica e cultural do país, através da promoção, reconhecimento e valorização de atores que colaboram para a promoção e salvaguarda da cultura, o respeito entre as religiões, com ações de visibilidade e de manutenção do patrimônio e a proteção dos direitos difusos ou coletivos. “Esse prêmio não é nosso, é da nossa ancestralidade que nos guiou”, contou Babalorisa Elias. “Em um momento de tanta intolerância, o Osé Mimo surge como uma forma de lutar contra tantos casos de desrespeito”, apontou Iya Rita. “Estamos aqui, mostrando a força do nosso povo, da nossa cultura”, lembrou Iya Neném. “Não poderíamos ter feito esse prêmio sem todo o apoio e dedicação de todos os profissionais”, lembrou Babalorisa Carlinhos.

 

Os babalorixás e yalorixás ancestrais foram relembrados em vídeos e nas palavras dos apresentadores. “Essa edição será dedicada às mulheres, que mantêm um importante papel na preservação da cultura afro-brasileira, principalmente na religiosidade de matriz africana”, disse Bianca, antes de apresentar os 12 paraninfos do Prêmio: Mãe Edelzuita de Oxalá, Mãe Meninazinha, Pai Bira de Sango, Pai Elias de Iansã, Mãe Detinha, Mãe Regina Lúcia de Yemonjá, Ogan Luiz Bangbala, Mãe Mabeji, Babalorixá Oswaldo de Xangó, Pai Zezito de Oxum, Mãe Rosinha de Oxosse e Mãe Beata de Yemonjá – falecida em maio deste ano.

“Para esclarecimento, seguindo a nossa tradição, a saudosa Mãe Beata de Yemonjá nunca será substituída”, avisou Bianca, antes de convidar o filho biológico de Beata, Baba Adailton Moreira, que recebeu o Prêmio Obirin Alabará – Mulher Poderosa, categoria especial criada para homenagear a grande sacerdotisa. Ao receber a homenagem, o baba convidou Mãe Detinha para receber junto a ele: “É com as matriarcas que aprendemos”, justificou, antes de ser ovacionado pela lembrança de sua mãe entre os presentes e por ser seu aniversário, e ouviu parabéns para você cantando de pé pelos convidados.

Entre as 27 personalidades que receberam menções honrosas estavam o deputado federal Jean Willis; o deputado estadual Átila Nunes; a atriz Chica Xavier, o comendador Beto Morcego; a coreógrafa Eliete Miranda; a atriz e escritora Elisa Lucinda; os jornalistas Flávia Oliveira e Paulo de Oxalá. Confira nossa lista completa abaixo:

 

Arlene Katende Yalorixá
Arnaldo Valeriano Conselheiro da OAB Nova Iguaçu.
Átila Alexandre filho Secretário de Estado de Direitos Humanos e Política para Mulheres e Idosos
Átila Nunes Deputado Estadual
Bebeto Rio Seco Vereador de Saquarema
Cecília Couto Martins Presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da OAB de Bangú
Chica Xavier Atriz
Comendador Beto Morcego
Dona Lourdes  do Ile de Angola no Mercadão de Madureira.
Doné Isabel de Oxosse Axé Boa Viagem, filha do Doté Zezinho  da boa viagem.
Ei, Mulher. Coletivo
Eliete Miranda Coreógrafa
Elisa Lucinda Atriz e escritora
Fernando Philbert Diretor Geral do espetáculo Teatral Contos Negreiros do Brasil
Flavia Oliveira Jornalista
Jean Willins Deputado Federal
Juarez Barroso Secretário Municipal de Cultura de Nova Iguaçu
Luzia Lacerda Produtora Cultural  – Expo Religião
Mãe Marcia de Obaluaie Ile Axe ni Oya , Axé Engenho Velho, filha de Omorodeci e neta de Mãe Nitinha .
Marcio Neves Babalorixá do Ile Omim Axé Ofá Fadaká, Ase Banboxe.
Milena Monik Madalena Presidente da Comissão Mulher OAB Bang
Paulo de Oxalá Jornalista
Ronaldo Barros Presidente da subsecção Bangú OAB.
Lina de Oxumaré Yalorixa
Ile Ase Iyamin Banbose
Doutora Marcia Vicentis União Espírita de Madureira
Rosangela d’ Eua Yalorixa  – Aldeia Oloroke Ti Ẹ̀fọ̀n

 

Onze organizações da sociedade civil e pessoas físicas foram premiadas nas sete categorias do Prêmio Osé Mimo 2017, foram elas:

 

Promoção da Cultura

Ase Ogun Alakoro – Núcleos de Atendimento á Comunidade.

Mauricio De Souza Moraes – CD Cantando Para Aganjú

Sociedade Cultural Orquestra Alabe Funfun

 

Mídia e Comunicação

Flavio Honorio Da Costa –  Programa Cultural África Brasil

Jana Guinond –  Programa Usando a Língua

Manutenção do Patrimônio Material e Imaterial

Ile Ase Arutoboigbo – Exposição Vida na Fé

Ile Ogun Anaeji Egbele In Oman Ase Oloroke Pantanal – Festa Anual ao Orixá Iroko.

Respeito Entre as Religiões

Jaqueline Batista Cordeiro – Projeto escolar Intolerância Religiosa.

Proteção dos Direitos

Laura Astrolábio – A Importância de Políticas Públicas de Ação Afirmativa para Negros No Brasil.

 

Combate ao Racismo e Discriminação

Papo Preta Saúde e Bem-Estar da Mulher Negra.

Serviço Social e Ações de Sustentabilidade

Rosa David –  Obí acessórios.

Sobre o Prêmio Ose Mimo 2017

Organizado pelo coletivo homônimo ao prêmio, Osé Mimọ significa machado sagrado, e foi idealizado por quatro casas de religiões de matriz africana: Ilé Aşé Efón, liderada pelo Babalorişa Elias d’ Iansã; Ilé Aşé Oiyá Iyá Mí, da Iyalorişa Rita d’ Oiyá; Ilé Aşé Oiyá Tolore Osun, da Iyalorişa Neném d’ Iansã; e Ilé Aşé Omin Odara, do Babalorişa Carlinhos d’ Oşaguian. O prêmio e o coletivo buscam contribuir com a preservação da diversidade étnica e cultural do país, através da promoção, reconhecimento e valorização de atores que colaboram para a promoção e salvaguarda da cultura, o respeito entre as religiões, com ações de visibilidade e de manutenção do patrimônio e a proteção dos direitos difusos ou coletivos.

 

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