Jacarezinho: 1 ano após 28 mortes, 10 de 13 investigações do MP foram arquivadas

Enviado por / FontePor Henrique Coelho, do G1

Duas denúncias foram aceitas pela Justiça e 1 caso ainda é investigado. Apurações de 24 mortes foram arquivadas; entenda os inquéritos e os motivos para arquivamento.

Um ano depois da operação com 28 mortes no Jacarezinho, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, 10 das 13 investigações do Ministério Público foram arquivadas e 1 segue em andamento.

Os inquéritos arquivados são relacionados a 24 das mortes – mais de 82% do total. Segundo o coordenador da força-tarefa, André Luís Cardoso, no entanto, o MP pode pedir o desarquivamento em até 20 anos caso surjam novas informações que possam reabrir as investigações de cada caso.

Duas denúncias foram aceitas pela Justiça.

Os traficantes Adriano de Souza de Freitas, o Chico Bento, e Felipe Ferreira Manoel, conhecido como Fred, foram denunciados pelo homicídio duplamente qualificado do policial civil André Leonardo de Mello Frias. Eles foram responsabilizados por serem chefes do tráfico no Jacarezinho.

O traficante identificado como autor do tiro que matou o policial morreu em uma troca de tiros com a Core. Segundo a polícia, João Carlos Sordeiro Lourenço, de 23 anos, era conhecido como Jota e subiu na hierarquia da quadrilha depois de ter assassinado André Frias.

Dois policiais também são réus na Justiça pela morte de Omar Pereira da Silva, de 21 anos, baleado no Beco da Síria. Douglas Lucena Peixoto Siqueira e Anderson Silveira Pereira, ambos da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), têm audiência marcada para 29 de junho.

O Ministério Público ainda espera o resultado de uma perícia e o depoimento de uma testemunha para decidir se vai arquivar o caso ou denunciar outros dois agentes pelas mortes de Isaac Pinheiro de Oliveira e Richard Gabriel da Silva Ferreira.

A Força-Tarefa criada pelo Ministério Público para investigar possíveis excessos na ação policial na Zona Norte do Rio foi desmobilizada no final de março.

Entre os motivos citados pelo Ministério Público para os dez arquivamentos estão:

  • Dificuldade para encontrar testemunhas que estivessem nos locais de confrontos
  • Falta de subsídios que possam desmentir um cenário de legítima defesa dos policiais
  • Falta de evidências de execução extrajudicial das vítimas (disparo a curta distância ou encostado)
  • Falta de indícios de autoria em um dos casos
  • Evidências de que traficantes fizeram moradores reféns em uma casa no Jacarezinho
  • Testemunhas ouvidas não conseguiram elucidar o que ocorreu dentro de casas
  • Perícia encontrou vestígios compatíveis com ocorrência de confronto
  • Não foi verificado esgarçamento ou arrasto nos tecidos das roupas

As investigações que foram arquivadas pela Força-Tarefa do Jacarezinho são sobre as seguintes mortes:

  1. Morador de rua morto no Campo do Abóbora
  2. Dois mortos no valão (Avenida Guanabara)
  3. Sete mortes no Areal (Pontilhão)
  4. Morte de homem e adolescente na Travessa João Alberto
  5. Morte na rua Darci Vargas
  6. Mortes na Travessa João Alberto
  7. Encontrado morto na cadeira no Beco da Síria
  8. Morte na Rua do Areal
  9. Morte no Beco da Zélia
  10. Seis mortes na Travessa Santa Laura

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