Jovem ativista é vitima de racismo e tem o turbante arrancado por um grupo de homens em festa de formatura

Ela teve o turbante arrancado e jogado no chão por um homem enquanto outros presentes atiravam cerveja nela. Além disso, sofreu xingamentos, ameaças e foi a última a sair da festa com medo de novas agressões.

no Revista Fórum

A representante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e diretora da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), Dandara Tonantzin Castro, foi agredida física e verbalmente na noite deste sábado (23) por um grupo de homens durante festa de formatura do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Uberlândia – UFU.

Ela teve o turbante arrancado e jogado no chão por um homem enquanto outros presentes atiravam cerveja nela. Além disso, sofreu xingamentos, ameaças e foi a última a sair da festa com medo de novas agressões.

Dandara escreveu o seguinte relato sobre o caso na sua conta do Facebook:

A NOSSA PRESENÇA INCOMODA.

Sobre o racismo em uma festa de formatura.

Nessa semana participei da formatura dos meus amigos da engenharia civil – UFU. Na noite de ontem, no baile, fui de TURBANTE. No início muitos olhares incomodados, mas os vários elogios me acalmavam. Quase no fim da festa, já do lado de fora um cara branco, puxou meu turbante forte. Disse para ele soltar e saí. Quando passei por ele novamente, sozinha, ele puxou pela segunda vez, fiquei tão brava que gritei para ele não tocar no meu turbante. Ele acenou para os amigos virem, quando juntaram em uma rodinha um deles puxou o turbante da minha cabeça e jogou no chão. Quando fui catar, incrédula do que estava acontecendo, jogaram cerveja em mim. Muita cerveja. Fiquei cega, sai desesperada para achar meus amigos. Sabia que se ficasse ali poderia até ter mais agressões físicas.

Meus amigos imediatamente chamaram a segurança (todos negros) que logo entenderam que se tratava de racismo e logo foram tira-los da festa. Um deles teve a cara de pau de falar ao segurança que não meu agrediu “só tirei aquele turbante da cabeça dela”. As namoradas (todas brancas) vieram pra cima de mim. Tentei explicar que era racismo, o cinismo prevaleceu e sem êxito sai de perto. Ficaram de cima dos seguranças pedindo para me tirar da festa também, como se a minha presença fosse um problema. Meus amigos ainda tentaram conversar mas o ódio cega. Quando fui no banheiro ainda tive que ouvir ameaças indiretas, sobre me bater e outras coisas terríveis que não consigo nem dizer aqui. Fomos os últimos a sair por medo de fazerem alguma coisa conosco do lado de fora.

Negros na formatura? Na limpeza, segurança ou servindo.

Me mantive forte muito tempo. Mas o racismo é cruel. Minha lágrimas estão molhando muito a tela do celular, só de pensar que estes e tantos outros passaram impunes. Tenho muito orgulho de ter formado um preto, pobre vindo do interior como o Filipe Almeida, seguimos com a certeza de que vamos resistir.

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