Jovem de black power é ironizada na web: “Não abaixo cabeça para racista”

Milleni foi fotografada por desconhecido quando voltava para casa no Rio.
Modelo de 21 anos diz que processará agressor e que preconceito é diário

por Gabriel Barreira no  G1

A modelo, cantora e dançarina Milleni Bezerra Moreira, de 21 anos, voltava para casa, na Taquara, Zona Oeste do Rio, após um dia aparentemente normal de trabalho. Era final da tarde de quarta-feira (8), mas ainda naquela noite ela seria surpreendida: uma pessoa desconhecida tirou uma foto sua no ônibus, a ridicularizou nas redes sociais e a postagem viralizou. “Nunca vi um smurf com black power”, escreveu o agressor. Milleni é negra e se sentiu profundamente ofendida.

smurf racismo

A web se dividiu. Enquanto algumas pessoas compartilharam a imagem achando graça, outros tantos se revoltaram. Já nesta quinta (9), Milleni desabafou. “Não abaixo cabeça para racista”, escreveu. Em meio aos comentários, um subiu o tom e escreveu que poderia ser engraçado ver aquele cabelo pegando fogo. Para Milleni, o racismo fica ainda mais “escancarado” neste caso.

Ao G1, ela diz que sofre preconceito diariamente — não só por causa da cor do cabelo, mas principalmente pela cor da raça.

“A questão não é o cabelo colorido, é ser black power. Com certeza uma branca de cabelo colorido não sofreria isso, seria uma “sereia linda”. Quando eu era vendedora de uma loja alternativa minha gerente pediu para eu mudar o cabelo porque chamava atenção de uma ‘forma negativa'”, revela. “Acho que é muito fácil dizer que a pessoa está se fazendo de vítima quando não é você quem está sofrendo. Vou esperar colocarem fogo no meu cabelo?”, completou.

Para descobrir quem era o autor da agressão — já que seu nome havia sido borrado nas postagens — ela fez contato com uma das pessoas que também se sentiu ofendida com a “brincadeira” e entrou em contato com a modelo. Após descobrir o nome do agressor, ela prometeu recorrer à Justiça para ser reparada.

“Dei print e vou levar na delegacia. Ele [o agressor] até me mandou mensagem, mas não respondi. Vou processá-lo por racismo. Outra pessoa veio me pedir perdão, mas teve gente também que veio me ofender mais ainda”, conta.

+ sobre o tema

Pedagogia de afirmação indígena: percorrendo o território Mura

O território Mura que percorro com a pedagogia da...

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas,...

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde...

Apenas 22% do público-alvo se vacinou contra a gripe

Dados do Ministério da Saúde mostram que apenas 22%...

para lembrar

Felipe se defende de acusação de racismo feita por Elias, do Corinthians

Fonte: Globo.com A partida entre Goiás e Corinthians, no...

Após anunciar gravidez, Juliana Alves fala sobre a primeira gestação

Grávida de quatro meses, Juliana Alves revelou que será...
spot_imgspot_img

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde mundial feminino da maratona ao vencer a prova em Londres com o tempo de 2h16m16s....

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...

Ela me largou

Dia de feira. Feita a pesquisa simbólica de preços, compraria nas bancas costumeiras. Escolhi as raríssimas que tinham mulheres negras trabalhando, depois as de...
-+=