LE FIGARO: Brasil tem banho de sangue e “autoridades nem se comovem”

Jornal francês relata que “a mídia brasileira tem exibido imagens de uma violência indescritível: um banho de sangue, com corpos carbonizados, decapitados, esquartejados e corações arrancados”; para o veículo, o governo brasileiro foi alertado e não fez nada para impedir novos massacres

Fonte: Brasil 247

As rebeliões violentas nos presídios brasileiros continuam em destaque na imprensa francesa nesta segunda-feira (9). O jornal Le Figaro informou hoje, em título, que quase cem presos foram mortos no Brasil “e as autoridades nem se comovem”.

O jornal relata que “a mídia brasileira tem exibido imagens de uma violência indescritível: um banho de sangue, com corpos carbonizados, decapitados, esquartejados e corações arrancados”. Para o jornal, o governo foi alertado e não fez nada para impedir novos massacres.

As mortes nas prisões do norte do país são fruto da guerra de gangues pelo controle nacional do narcotráfico, protagonizada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e aliados locais do CV (Comando Vermelho), criado no Rio de Janeiro, explica o Le Figaro. O jornal lembra que a carnificina acontece na Amazônia, uma região de fronteira com o Peru, a Colômbia, a Venezuela e a Guiana. O Brasil é apontado como “uma etapa na rota dos países produtores de cocaína para a Europa”.

O jornal chama de “desastrosa” a gestão da crise pelas autoridades. “Os presídios brasileiros se tornaram uma fonte de recrutamento fácil para os narcotraficantes, que oferecem proteção e serviços aos detentos expostos às carências do Estado”, cita o jornal. “Desde outubro, os governadores locais pediram ajuda federal com urgência e alertaram a respeito dos riscos de implosão. Mas a resposta negativa do ministro da Justiça, com um mês de atraso, foi o primeiro erro do governo na gestão desastrosa dessa crise”, observa o Le Figaro.

Temer demorou a reagir

O diário critica abertamente o presidente Michel Temer, dizendo que ele “só rompeu o silêncio para falar dos massacres depois que o papa Francisco fez orações para os presos. E acrescenta: “no sábado (9), Temer foi até a casa da presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, para se redimir”. O texto elogia a rapidez com que Cármen Lúcia reagiu à crise, visitando juízes da região logo após a rebelião de Manaus, mas nota com ironia que ela precisou recordar que eles também são responsáveis pela superlotação nas prisões.

Para encerrar, Le Figaro cita a série de declarações absurdas de autoridades, inclusive as que levaram à demissão do secretário da Juventude, Bruno Júlio, filiado do PMDB, que afirmou que ‘tinha era que matar mais’ e ‘fazer uma chacina por semana’ nas penitenciárias.

+ sobre o tema

PP não vai indicar Bolsonaro para a Comissão de Direitos Humanos

Com medo de ter a sua imagem desgastada frente...

Violência e tensão antes da ocupação militar das favelas da Maré

O Coletivo Vinhetando publicou reportagem que ilustra como foi...

Gente Nova – Direitos Humanos em 2 minutos

Foi ao ar no início desta semana o primeiro...

Não tá tranquilo nem favorável para os direitos humanos

Fundo Brasil lança campanha para mobilizar a sociedade na...

para lembrar

spot_imgspot_img

Em feito histórico, Geledés demanda na ONU reparação aos afrodescendentes   

“Nesta quinta-feira, Geledés realizou um feito histórico ao ser a primeira organização de mulheres negras do Brasil a participar de forma protagonista de uma...

O genocídio nosso, de todo dia

Não aguentamos mais.  Era assim que eu queria começar a escrever essa coluna, para falar da mortandade da gente preta neste mês de agosto de...

As Margaridas, a fome e a luta contra a violência no campo

Prefiro morrer na luta do que morrer de fome Margarida Alves; Roseli Nunes) As camponesas são defensoras dos direitos humanos e, no Brasil, desenraizaram direitos para...
-+=