Marco Aurélio Mello, de Montreal: As relações entre Américas, África e Ásia na abertura do FSM

Definitivamente o mundo está menor. Bastou um ponto de WiFi e outro de carga de bateria e pronto, há vida inteligente no planeta. Na abertura do Fórum Social Mundial (FSM) de Montreal, a Praça das Artes estava tomada por shows e discursos, não necessariamente nesta ordem.

Por Marco Aurélio Mello Do Viomundo

A fauna é variada. Vai de canadenses que não se conformam de, em pleno século XXI, protestar em defesa do meio ambiente ao direito das mulheres de terem a posse da terra na base do vulcão Kilimanjaro. Todos temas relevantes localmente e que somados dão a exata dimensão de como nosso planeta ainda é primitivo!

É contraditório um país como o Canadá reunir esta turma. Aqui, aparentemente há todas as condições de estado de bem estar social. Os ônibus circulam no horário, o metrô está integrado, há ciclovias por todo o lado e no verão vai todo mundo pra rua se divertir.

A contradição está na disposição em dar voz aos que não têm muitas vezes sequer o mínimo para sobreviver. Para nós estrangeiros é como se estivéssemos num sonho encantado, numa ilha de prosperidade. E, a propósito, fora Temer!

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Mais cedo, as pessoas caminhavam pelo Gay Village, bairro que fica a uma estação de metrô de onde estou hospedado. No último domingo houve a parada LGBT. A região está toda decorada. Há turistas do mundo todo que vieram especialmente para a festa.

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Lembrei-me do Jair Bolsonaro, causa de dor e arrependimento à própria mãe. A gente passa o tempo todo comparando com o Brasil. É natural que seja assim. É tudo muito, muito diferente.

Na barbearia a regra é não ter regra. Vale tudo o que o cliente quiser. Qualquer coisa.

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E, ao contrário dos outros lugares, aqui se fuma maconha livremente nas ruas, sem que as pessoas se preocupem com isso. Aliás, desde que o cidadão esteja portando para uso próprio, nem a polícia o incomodará.

No supermercado, a variedade é boa e a qualidade dos produtos é indiscutível. Os preços são salgados. Em média 30% mais caros do que pagaríamos numa grande cidade, como São Paulo.

Mas não pense você que aqui não há lojas de um dólar canadense, correspondentes às de 1,99 brasileiras. A China conquistou o mundo pobre e rico. É admirável como chineses se instalam numa loja no centro para vender de tudo mas não são capazes de pronunciar uma única palavra em outro idioma.

Mas afinal o que há em comum entre um vulcão na África, uma fábrica de artigos baratos vindos da China e a preservação ambiental no Canadá? A resposta: estamos todos conectados nessa infinidade de cadeias globais, de trocas e de consumo desenfreado e desigual.

Encontrar uma solução para esse impasse é o grande desafio de todos nós aqui.

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