Não só em Portugal, mas também em Paris, Londres e Cabo Verde – milhares de pessoas em silêncio pela morte do jovem cabo-verdiano.
Do JORNAL I
Este sábado, milhares de pessoas saíram à rua em memória de Giovani Rodrigues, o jovem que morreu na madrugada do dia 31 de dezembro, no Porto. Por todo o país – Lisboa, Bragança e Porto foram algumas das cidades – ouviram-se gritos de homenagem ao jovem cabo-verdiano, que tinha chegado a Portugal há pouco mais de dois meses e estudava Design de Jogos Digitais. As manifestações estenderam-se também a Paris, Londres, Luxemburgo e Cabo Verde.
Na capital portuguesa, cerca de três mil pessoas estiveram em silêncio no Terreiro do Paço, durante mais de 20 minutos. Depois dirigiram-se ao Rossio e subiram a Avenida da Liberdade, onde foi necessário cortar o trânsito até à Praça do Marquês de Pombal. “#justiçaparagiovani”, lia-se nas camisolas brancas que os manifestantes vestiam.
Em Bragança, cidade onde estudava o jovem cabo-verdiano, que morreu dez dias depois de ser internado, juntaram-se perto de duas mil pessoas que percorreram dois quilómetros em marcha silenciosa. E a pergunta exibida nos pequenos cartazes era “quem matou Giovani?”.
No mesmo dia, cerca de mil pessoas gritaram “justiça para Giovani” na cidade da Praia, em Cabo Verde. A tensão subiu e alguns manifestantes conseguiram passar as barreiras policiais e chegar à porta da embaixada portuguesa. A Polícia Nacional cabo-verdiana foi obrigada a intervir e impediu que os manifestantes avançassem. Depois disso, as pessoas dirigiram-se para a residência oficial do Presidente da República e estiveram também concentradas à porta da residência da embaixadora de Portugal, Helena Paiva.
Votos de pesar não são consensuais A Assembleia República aprovou na passada sexta-feira sete votos de pesar pela morte de Pedro Fonseca, que morreu na sequência de um assalto em Lisboa, e pela morte de Giovani Rodrigues. Mas as votações não foram consensuais. O Livre apresentou um voto de pesar pela morte do jovem cabo-verdiano que contou com a abstenção do CDS e o voto contra do Chega. No documento apresentado pela deputada Joacine Katar Moreira pode ler-se: “A luta contra o ódio e o racismo é também a luta pelo reforço da democracia”. Já do lado do CDS foi apresentado um voto de pesar pela morte dos dois jovens que contou com a abstenção do Livre e a aprovação dos restantes partidos.