No Orum: Morre Naná Vasconcelos aos 71 anos

Enviado por / FontePor Thays Estarque, do G1

O percussionista Naná Vasconcelos, de 71 anos, morreu na manhã desta quarta-feira (9), no Recife. Ele tinha câncer de pulmão e estava internado há dez dias. De acordo com a assessoria do Hospital Unimed III, o músico teve uma parada respiratória e passou por um procedimento, mas não resistiu e faleceu às 7h39.

O velório começa às 14h desta quarta, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O enterro está marcado para as 10h desta quinta (10).

Até o dia 29 de fevereiro, ele estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, mas, depois, foi transferido para um quarto, onde pôde ter mais contato com a família.

Patrícia Vasconcelos, mulher e produtora do músico, disse que Naná passou mal após um show realizado em Salvador, no dia 28 de fevereiro, com o violoncelista Lui Coimbra. Ao retornar ao Recife, foi internado.

No ano passado, o artista passou mais de 20 dias no mesmo hospital. Naná também se sentiu mal antes de um show, mas achou que não era nada demais e seguiu com a agenda. No Recife, após uma bateria de exames, descobriu que tinha câncer.

“Pegou todos de surpresa, porque ele havia feito um raio-x do pulmão no ano passado (2014) e uma revisão geral há dois meses e nada foi encontrado. Foi tudo muito rápido, um susto”, declarou Patrícia à época.

Vida e obra

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Naná Vasconcelos foi o homenageado do carnaval 2013 (Foto: Sérgio Figueirêdo/ Prefeitura do Recife)

Apelidado de Naná pela avó, a música sempre foi a mola propulsora de Juvenal de Holanda Vasconcelos. Ele não media palavras para descrever seu amor e conexão com ela. Era como se a música fosse a energia, a batida, que movia o coração do percursionista.

No ano de 1960, Naná deixou o Recife e foi morar no Rio de Janeiro, onde gravou dois discos com Milton Nascimento. Com o cantor Geraldo Azevedo, viajou para São Paulo para participar do Quarteto Livro, que acompanhou Geraldo Vandré no icônico Festival da Canção.

A obra de Naná foi propagada e respeitada dentro e fora do Brasil. Ele fez parte do grupo Jazz Codona, com o qual lançou três discos. Chegou a gravar com B.B King, com o violinista francês Jean-Luc Ponty e com a banda Talking Heads, liderada por David Byrne, um dos grupos precursores do movimento “new wave”. Nacionalmente, ele participou de álbuns de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Marisa Monte e Mundo Livre S/A.

O pernambucano também fez trilhas sonoras para filmes nacionais e norte-americanos. Foi eleito oito vezes, por revistas especializadas em música nos Estados Unidos, como o melhor percussionista do mundo.

Em contraponto, por sempre acreditar que a música podia transformar e melhorar a vida das pessoas, também era um humanitário nato. Naná foi responsável por criar diversos projetos sociais como o “Língua Mãe”, que reuniu crianças de três continentes: América do Sul, Europa e África. Naná também defendia levar a música para dentro das comunidades carentes do Recife como forma de incentivo à educação e cultura.

Há 15 anos, a abertura do carnaval do Recife seguia sob o comando firme e talentoso de Naná. Com 12 maracatus, 600 batuqueiros e o coral Voz Nagô, o marco ocorria sempre na sexta-feira de carnaval, levando magia e beleza para a multidão de foliões. Um espetáculo que só a criatividade de Naná e a força do carnaval pernambucano podiam criar.

Ouça uma de suas obras primas:

“Batuque Nas Aguas”

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