O que é que a Nigéria tem?

POR SUELI LIMA

Tem Nollywood, uma forte indústria cinematográfica que produz cerca de 2500 filmes por ano, com estimativa de arrecadação de US$250 milhões no mesmo período. Parte dessa produção pode ser conferida em São Paulo, durante a mostra Bem-Vindo a Nollywood: Tunde Kelani, em novembro

Cena de Arugba, um dos nove filmes selecionados para a Mostra Bem-Vindo a Nollywood: Tunde Kelani, que será realizada em São Paulo

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Entre os dias 18 de novembro a 14 de dezembro, São Paulo recebe a mostra de cinema nigeriano Bem-Vindo a Nollywood: Tunde Kelani, que tem curadoria da nigeriana Bic Leu, diretora de operações do Del-York International, e do produtor e pesquisador brasileiro Alex Andrade. Os filmes serão exibidos na Cinemateca Brasileira, no Cine Olido, além de uma sessão especial no dia da Consciência Negra (20/11), no Polo Educativo e Cultural de Heliópolis. O evento vai homenagear e exibir nove longas de um dos maiores diretores de Nollywood, Tunde Kelani, que virá para o Brasil acompanhar a mostra.

Os filmes nigerianos sofrem influência do melodrama indiano, das telenovelas latinas, dos filmes de terror de baixo orçamento americanos e britânicos, e dos filmes de gangster de Hong-Kong. Além disso, há produções profundamente enraizadas nas tradições culturais e sociais das comunidades tribais.

“Essa indústria tem revelado estratégias criativas de produção, distribuição e exibição cinematográfica, que tem passado despercebidas no Brasil e em quase toda a América do Sul. O objetivo dessa mostra é aproximar produtores, diretores, distribuidores e o público em geral brasileiro de um dos mais fascinantes movimentos cinematográficos mundiais. Conheci Nollywood por meio de dois documentários: Good Copy, Bad Copy, com direção de Andreas Johnsen, Ralf Christensen e Henrik Moltke, e Welcome To Nollywood, do diretor americano Jamie Meltzer”, explica Alex Andrade.

PRODUÇÃO EM MASSA

A indústria de cinema da Nigéria explodiu no início da década de 90 e, hoje, está em primeiro lugar no ranking mundial quando o critério é quantidade de filmes produzidos, na frente de Hollywood (Estados Unidos) e Bollywood (Índia).

Nollywood produz cerca de 2500 filmes e chega a arrecadar US$ 250 milhões no mesmo período. Num país em que a expectativa de vida é de 50 anos, e a renda de boa parte da população não ultrapassa US$1 por dia, verificar que 90% da população declara assistir a um filme por semana, chega a ser surpreendente.

Os filmes são realizados em diferentes línguas – entre elas, inglês, iorubá, hausa e outros dialetos locais – e muitos deles, principalmente os que serão exibidos na mostra, têm forma muito peculiar de leitura e compreensão do mundo, ou seja, distantes da maneira americana e europeia de criar signos audiovisuais. Nesse contexto, a receptividade no Brasil ainda é uma incógnita, até mesmo para Alex Andrade. “Tenho muita curiosidade em saber como os filmes serão recebidos no Brasil. Desejo que tanto o público cinéfilo quanto a crítica especializada se encorajem a encontrar nos filmes de Kelani um universo praticamente desconhecido. Não é um desejo de condescendência ou relativização de filmes que poderiam ser considerados “precários” (ao serem comparados com as grandes produções). Tenho a expectativa de que conheçam, sem qualquer preconceito, algo novo. Apenas isso.”

Outro ponto a ser destacado no evento são os imigrantes africanos em São Paulo. São mais de 200 mil pessoas. “Espero que esses imigrantes encontrem nesse cinema um diálogo com suas raízes, muitas vezes distante e quase oculta”, conclui o pesquisador brasileiro. Mais informações no site:

www.bemvindoanollywood.com.br

 

 

 

Fonte: Raça

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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