O que o desfile da Mangueira nos ensinou sobre tolerância?

Ao evocar Maria Bethânia como enredo de carnaval, a Mangueira se viu convidada a lidar com o sincretismo religioso da baiana, que frequenta desde missas no Bonfim a terreiros de candomblé. Na avenida, entidades afros ocuparam o mesmo espaço que símbolos católicos. Iansã e Menino Jesus. Ogum e Nossa Senhora. Lado a lado, de mãos dadas.

Por Carmela Veloso de Beauvoir, do Correio Braziliense 

O espectador testemunhou a comunhão de religiões distintas, mas igualmente voltadas para o respeito ao próximo, acima de tudo. E foi o que prevaleceu. Como raras vezes testemunhamos neste país, cada vez mais segregado por razões de credo, gênero, orientação e cor, uma única corrente de alegria predominou.

Pelas arquibancadas, cristãos, ateus, budistas, umbandistas (gays, negros, velhos, crianças, pais e mães) celebraram a figura da menina dos olhos de Oyá. A música, o samba, o carnaval promovendo um instante de paz. Que fique a lição. Há, entre todos nós, afinidades maiores que nossas convicções. Seja qual for o seu terreiro, templo ou igreja, tenho certeza de que o sentimento da convivência impera. Vamos exercê-lo.

 

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