PM será investigado por atirar no rosto de jovem, que engoliu projétil

A bala que atingiu Marcos foi parar no seu estômago. Novos exames dirão se ele precisará de cirurgia

Foto:   Severino Silva / Agência O Dia

Policial em serviço portava arma que não era da corporação e não socorreu a vítima

Um homem foi baleado no rosto durante a abordagem de um policial militar do 40º BPM (Campo Grande) na noite de sexta-feira, no bairro Vila São João, em Campo Grande. O armador de ferragens Marcos Fernando de Jesus Ferreira Júnior, de 22 anos, contou que voltava a pé com a mulher, Karine, 19 anos, pela Avenida Dom Sebastião, quando foi parado por um casal de policiais militares em serviço. De acordo com a vítima, o PM, que não teve o nome revelado, pediu os documentos.

por Francisco Edson Alves no IG

“Eu disse a ele que estava sem documentos, inclusive sem camisa, mas apontei para a rua ao lado, dizendo que eu morava ali perto e que poderia ir buscar. Nervoso, ele não quis saber dos meus argumentos e mandou que eu encostasse no muro. Escutei, então, um clique (de arma engatilhada). Virei o rosto para ele e o vi com um revólver prateado. Aí eu perguntei: ‘Você vai atirar?’. De repente, ele disparou contra o meu rosto”, detalhou.  

A bala entrou na bochecha esquerda, atingindo a língua e o céu da boca de Marcos, que engoliu o projétil. Exames feitos no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, constataram que a bala foi parar no estômago e somente novas radiografias vão definir se ele terá de passar ou não por cirurgia para retirá-la.

‘Era pra eu estar morto’

A vítima conta que, após o disparo, a policial repreendeu o colega: “Caramba, o que você fez?”, teria dito. O soldado teria respondido que “tinha sido (um tiro) acidental”. “Eu estava lúcido, mas abalado, pois sangrava muito e eu não sabia a extensão do ferimento. Implorei que ele (o PM) me socorresse. Não me atendeu e ainda me empurrou no chão. Minha esposa também levou um empurrão e teve a roupa rasgada.

Um carro parou e me levou para o Hospital Estadual Rocha Faria, de onde fui transferido para o Lourenço Jorge”, lamentou Marcos, que acredita que está vivo por milagre. “Agora (12h30) era para eu estar morto, e meu corpo, sendo velado”, comentou, emocionado, ao lado da filha, que faz 1 ano hoje.

O PM não acompanhou a vítima até o hospital e se dirigiu à 35ª DP, onde teve o revólver, que não era da corporação, apreendido. A Polícia Civil não revelou o conteúdo do depoimento do soldado. Já a assessoria da PM informou que o policial prestou depoimento na 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) e que averiguação foi instaurada para apurar o caso. A PM não informou se ele foi afastado das ruas. A 35ª DP requisitou imagens de câmeras da região para ajudar nas investigações.

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