Em uma clara tentativa de intimidação, polícias invadem com fuzil na mão, o lançamento do Comitê do Recôncavo da III Marcha Contra do Genocídio do Povo Negro em Cachoeira. Câmeras amadoras registraram o momento em que a policia entra no espaço em que se estava apresentando o comitê, armada de fuzis, e cerca pelos dois lados as saídas da quadra onde estavam concentrados os ativistas do grupo “Reaja ou seja Morto, Reaja ou seja Morta”, que atua centralmente no estado baiano que desde 2005 organiza a marcha, que terá neste ano a sua terceira versão internacional, no dia 24 de agosto, contando com atos por todo o país nas principais cidades e em alguns países africanos e caribenhos. A Marcha está conectada pela IVª Internacional Garveista que articulará ações de apoio na América Latina, Europa, Estados Unidos e África.
Por Lourival Aguiar X, do Esquerda Diário
A Campanha Reaja ou será mort@ é uma articulação de movimentos e comunidades de negros e negras da capital e interior do estado da Bahia, articulada nacionalmente e com organizações que lutam contra a brutalidade policial, pela causa antiprisional e pela reparação aos familiares de vítimas do Estado (execuções sumárias e extrajudiciais) e dos esquadrões da morte, milícias e grupos de extermínio.
A campanha surge no ano de 2005, em um contexto de governo ligado a um grupo político que há décadas dominava os recursos financeiros, o sistema de justiça, e os meios de produção e comunicação na Bahia. Este mesmo governo tinha no estado penal e no racismo, fundamento para uma política de genocídio caracterizada pelas mortes de milhares de jovens negros desovados como animais às margens de Salvador e Região Metropolitana.
Dentro desta conjuntura, resolveram fazer uma articulação entres essas comunidades e os movimentos sociais negros para politizar nossas mortes, colocar em evidência a brutalidade policial, a seletividade do sistema de justiça criminal que tem os negr@s como bandidos padrão. Este mesmo Estado genocida vê na cor da pele negra, na condição econômica e de moradia, na herança ancestral e pertencimento racial, as etiquetas de “inimigos a serem combatidos”.
Este escandaloso caso de intimidação da organização dos negros deve ser combatida pela população negra, pelos trabalhadores e pela juventude que se une na luta anti-racista no país e no mundo. Não é uma coincidência que após inocentar os “policiais goleadores” de que tanto se orgulha o Governador da Bahia Rui Costa, do PT, que estavam envolvidos no “massacre da Cabula”, esta mesma policia militar se sinta confortável para intimidar os moradores das favelas da Bahia que se organizam para denunciar a violência policial e sua função como “cães de guarda” deste Estado corrupto, que nas palavras da Campanha Reaja “Não buscamos a integração em um Estado Racista e Neocolonialista. Buscamos sua demolição!”.
Assista aos vídeos que registram o momento da invasão: