Professora da universidade é demitida após falas racistas contra aluno: ‘Fedor danado’

“Vai trabalhar. Tira aquele chinelo e vai ralar. E ainda corta o cabelo e vê se lava, um fedor danado”

Do Amazonas 1

Jovens durante o protesto, cartaz com a frase "Racismo é crime" pode ser identificado em meio a multidão.
Coletivo Juntos! MG/Reprodução

Uma professora da PUC de Minas Gerais, que proferiu falas racistas contra um estudante, no mês passado, foi demitida da universidade. A informação foi confirmada na tarde de quarta-feira (3). Josiane Tavares de Abreu ministrava aulas para o curso de Medicina Veterinária, e não faz mais parte do quadro de funcionários da unidade de ensino

Na última quarta-feira (27), no campus da Praça da Liberdade, a docente falou para um jovem negro com black power cortar e lavar o cabelo, e ainda disparou: “um fedor danado”. Alunos realizaram um protesto, em repúdio ao racismo, em frente à unidade.

A PUC Minas se limitou a informou que “as medidas administrativas em relação à professora citada foram tomadas”. A universidade decidiu não comentar, oficialmente, nenhuma outra informação.

No entanto, a reportagem confirmou que uma professora substituta já exerce a função da professora demitida desde o início desta semana, e os alunos não serão prejudicados.

O aluno alvo de racismo da docente, Caíque Belchior Henrique, considerou a demissão “mais do que justa”. “Iríamos fazer algumas ações para exigir a demissão dela, fazer abaixo assinado, protestos e tudo mais que pudéssemos. Porém, não foi necessário. Achei mais do que justo”, afirmou.

Apesar de muito grave, o caso serviu para motivar e unir os estudantes, conforme classifica o Caíque. “Recebi mensagens de alunos que estão mais confiantes de não tolerar mais discursos de ódio. O ambiente universitário deve ser um lugar de ensino, aprendizado. São valores importantes que devem estar presentes na sala de aula. Espero que sirva de exemplo para outros professores pensarem no caso e reavaliarem sua conduta”.

Até o momento, o jovem de 20 anos não registrou boletim de ocorrência. “Ainda estou em conversa com meus advogados e vamos tomar as medidas cabíveis”, completa.

A reportagem tentou contato em diversos telefones atribuídos à Josiane Tavares de Abreu. Em um deles, o marido dela desligou o telefone assim que a reportagem se apresentou.

A fala da professora ocorreu, na última semana, após o estudante do 4º período de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Caíque Belchior Henrique, fazer um anúncio, dentro da sala de aula, para divulgar um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que ocorrerá em junho.

“Sério, gente? (…) Se soubesse não tinha deixado ele falar uma ‘bobajada’ dessa”, disse a docente, logo após o universitário sair da sala. “Vai trabalhar. Tira aquele chinelo e vai ralar. E ainda corta o cabelo e vê se lava, um fedor danado”, complementa. Trechos da fala da professora foram gravados e divulgados nas redes sociais (escute abaixo).

RACISTAS NÃO PASSARÃO!

Hoje recebi algumas mensagens de alunos me pedindo pra tentar articular algo sobre o que aconteceu no curso de Medicina Veterinária da PUC Minas Praça da Liberdade. Vejam bem o que rolou: pic.twitter.com/rq69GYx8c1

— Gabi Coelho (@gabicsantos) 29 de março de 2019

*Informações retiradas do BHAZ

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