Vou dizer que sempre tive a maior curiosidade em saber como deve ser.
Enviado por Alexandre Rodrigues Damião via Guest Post para o Portal Geledés
Saber como é falar de boca cheia e ver que ninguém vai dizer que isso tem a ver com a minha cor.
Saber como é sair na rua e ninguém vir falar nada do seu cabelo.
Saber como um cabelo afro numa pessoa negra é “inaceitável”, enquanto dreads e tatuagens pra vocês são “criatividade”.
Saber se dá essa vontade súbita de discriminar alguém porque me acho “superior” aos outros.
Saber como é chegar numa sala de aula e perceber ninguém vai olhar pra você por ser o único(a) negro(a) da sala.
Saber como é andar num supermercado e não ter alguém te vigiando porque acha que roubou algo.
Saber como você se sente ao falar que racismo é vitimismo.
Saber como que é chegar numa roda de “amigos” e ver que ninguém vai fazer pouco causo de você por causa da sua cor.
Saber como você se sente realmente ofendido(a) ao ver um relacionamento entre as duas cores.
Saber como é não ser agredido por causa da sua cor.
Saber como é ofender alguém pela cor da pele dela e insistir em querer dizer que são só piadas (piadas de mal gosto por sinal)
Saber como é de fato, se sentir igual ao resto das outras pessoas brancas.
Não, não estou generalizando e nem apontando dedos. Crescer como a única pessoa negra da turma, da sala da escola, faz você pensar nesse tipo de coisa. Faz você pensar como a vida parece ser mais fácil e tranquila do outro lado da ponte.