Gilberto Gil interpretou no Festival de Jazz de Montreux, alegres músicas de inspiração africana, apesar das suas alusões à pobreza, à escravidão e a uma dolorosa reconciliação, informou a Reuters.
O espectáculo, denominado “Viramundo”, contou com a participação dos sul-africanos Vusi Mahlasela (guitarra) e Paul Hanmer (piano) e funcionou como uma espécie de preparação para um documentário, ainda inédito, sobre o cantor e compositor baiano.
As quase duas horas de actuação no Auditório Miles Davis, em Lausanne, tiveram também a participação da orquestra suíça Lausanne Sinfonietta e dos músicos brasileiros Gustavo Di Dalva e Sérgio Chiavazzoli.
“Somos africanos no Brasil, especialmente quando se trata da música. Já somos muitos africanos no Brasil”, disse Gilberto Gil à Reuters, horas antes do concerto, no chalé do fundador do festival, Claude Nobs.
“O que cantamos no Brasil, particularmente os temas das músicas, tem muito em comum com o quotidiano e o pensamento africano, como a situação do apartheid, da fome, da pobreza, da submissão, da humilhação e da exploração. Os escravos negros no Brasil passaram a mesma coisa por que as tribos tiveram de passar quando trabalhavam nas minas de ouro da África do Sul”, explicou.
Com temas como “Ba Kae”, “Lamento Sertanejo” e “Raça Humana”, Gilberto Gil e Vusi Mahlasela fizeram o espectáculo de abertura da noite, antes da cantora norte-americana Melody Gardot. Essa foi a décima participação de Gilberto Gil no Festival de Montreux, um dos mais prestigiados do mundo.
Desta vez, ele chegou mais cedo à Suíça, e no fim-de-semana passado foi a um estúdio local gravar dez músicas para a banda sonora do documentário “Viramundo – Uma Viagem com Gilberto Gil”.
Viramundo – listen to the songs from Emmanuel Getaz on Vimeo.
Fonte: Jornal de Angola