Florestan Fernandes e o protesto intelectual negro na Ditadura Militar
A influência perene do sociólogo paulista Florestan Fernandes nos estudos raciais brasileiros é bem conhecida. Os livros "Brancos e Negros em São Paulo" (1959), escrito com Roger Bastide, e "A integração do negro na sociedade de classe" (1964), analisaram os vínculos estruturais entre raça e classe e a inserção problemática do negro na ordem capitalista, no contexto da transição da escravidão para a sociedade de classes, principalmente na cidade de São Paulo. Essas obras mostraram que a estrutura socioeconômica do pós-abolição era atravessada por linhas de cor, e que o preconceito racial impedia a integração social dos negros. Elas consagraram o entendimento da “democracia racial” como um mito, utilizado para acomodar a consciência branca com relação às contradições sociais. A cegueira deliberada das elites republicanas definiu, segundo ele, a falência política do “protesto negro”, que, nas primeiras décadas do século XX, se levantou contra as injustiças sofridas por essa população, ...
Leia mais