‘Vermelho Chumbo’ destaca atualidade de violências típicas da ditadura militar

O espetáculo “Vermelho Chumbo”, cujo enredo aborda aspectos ocultos da ditadura militar no Brasil, estreia neste sábado (17), às 19h, na Casa Antuak, no bairro de Dois de Julho, em Salvador (clique aqui e leia). Resultado do trabalho realizado pela primeira turma de alunos formados do curso de teatro profissionalizante do Centro Cultural Ensaio, a montagem teve seu texto construído coletivamente, a partir de processo de pesquisa. “Dentro do projeto de criação, os meninos começaram a levar uma série de materiais. E ai eu coloquei a possibilidade de que o texto fosse feito por nós, em um trabalho colaborativo. Então, neste sentido, eles que criaram o texto, a base de músicas, notícias da época e depoimentos, abordando também alguns temas específicos, como racismo, baseado no movimento negro da década de 70”, explica Daniela Chávez, professora de improviso e teatro contemporâneo, responsável também pela direção do espetáculo. Encenada por Alex Moura, Amanda Moreno, Lana Cambeses, Leandro Batista, Lindinalva Luz, Luiza Senna, Matheus Aziz, Rogerio Gómez e Walace Cavalcanti, a montagem acontece em um casarão antigo, uma escolha estética que remete aos porões da ditadura.

 por Jamile Amine, do Bahia Notícias 

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Espetáculo é montado em ambiente que remete aos porões da ditadura | Foto: Divulgação

Depois de passarem por cinco módulos do percurso profissionalizante, no curso de teatro contemporâneo, os alunos tiveram como tarefa reunir o aprendizado anterior em uma proposta específica. “Quando sentamos para discutir as possibilidades, passamos por um monte de autores, mas eles tiveram a vontade de experimentar a criação autoral. Ai eu perguntem que tema eles queriam abordar e eles disseram que queriam tratar da ditadura militar. É uma vontade que eles tinham e que coincidentemente está muito em função também dos acontecimentos políticos atuais”, conta Daniela. A diretora destaca ainda que diversos dos temas transversais abordados na peça, como direitos humanos, violência contra a mulher, discriminação de gênero e racismo, seguem atuais. “À medida que a gente ia entrando na pesquisa, a gente ia aprofundando a importância de transpor esse trabalho. A gente foi gerando consciência de que muitos acontecimentos ainda estão presentes. O racismo ainda está presente, a violência policial ainda está presente”, afirma. “Então eu acho que é muito importante o que a gente está criando. Fazendo o percurso de pesquisa a gente foi tomando consciência de que muitas das coisas daquela época de 1964 ainda estão vigentes em 2016”, conclui.

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