A Década dos Afrodescendentes representa um momento histórico para todos os países, sobretudo o Brasil
Do O Hoje
De acordo com os dados do Mapa da Violência, um jovem negro é morto no Brasil a cada 23 minutos. A secretária especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luislinda Valois, visitou a sede da ONU em Brasília, onde foi recebida pelo coordenador residente das Nações Unidas no Brasil, Nicky Fabiancic. Para o representante adjunto do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Década dos Afrodescendentes representa um momento histórico para todos os países, sobretudo o Brasil, onde a maioria da população é negra e está vulnerável a situações de risco.
O encontro teve por objetivo discutir a parceria entre a secretaria e os organismos do Sistema ONU, a fim de ampliar e fortalecer os acordos de cooperação em áreas de interesse comum. O encontro também teve a presença de representantes do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA); da ONU Mulheres e do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
Um dos assuntos da pauta foi a Década dos Afrodescendentes, lançada oficialmente no Brasil em julho de 2015. A iniciativa da ONU, que conta com o apoio da secretaria, tem o objetivo promover o respeito e a proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais dos povos afrodescendentes, conforme prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Valois afirmou que a secretaria reunirá os esforços necessários para o cumprimento da agenda no país, ressaltando que “somente com perseverança e enfrentando todos os desafios a humanidade poderá quitar o débito que possui com a população afrodescendente no Brasil e no mundo”.
Segundo o representante adjunto do UNFPA, Yves Sassenrath, a década representa um momento histórico para todos os países, sobretudo o Brasil, onde a maioria da população é negra e está vulnerável às situações de risco, como ocorreu recentemente com os surtos de chickungunya e zika. O UNFPA já desenvolve projetos em parceria com a secretaria nas áreas de saúde, políticas para juventude e políticas para comunidades quilombolas.
Morte de jovens negros
A pauta tratou também da violência contra os jovens negros, que integra a agenda da ONU e é uma das prioridades da secretaria. Segundo o assessor especial Juvenal Araújo, a secretaria está acompanhando de perto a criação do Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens Negros, que foi proposta pelo relatório final da Comissão Parlamentar sobre o tema que está em análise no Congresso Nacional.
De acordo com os dados do Mapa da Violência, que subsidiou o trabalho da CPI na Câmara e no Senado, um jovem negro é morto no Brasil a cada 23 minutos. Anualmente, cerca de 23,1 mil jovens negros são assassinados em todo o país, com uma taxa de homicídios de jovens negros quatro vezes maior que a referente a jovens brancos da mesma faixa etária, entre 15 e 29 anos.
Diante da gravidade da situação, a secretária destacou que o problema exige um esforço conjunto para solucionar o problema que traz sérios prejuízos ao futuro e ao desenvolvimento do país. (Agência Brasil)