O momento que vivemos chama atenção pela profusão de acontecimentos dramáticos que atravessam o nosso cotidiano. Mal conseguimos digeri-los e logo nos vemos diante de novos fatos a nos desafiar. Estamos, sem dúvida, diante de uma onda que nos exigirá intensa força e vigor para resistir a tempos que pensávamos já termos superado no Brasil. A maioria de nós certamente não imaginava que teríamos de nos articular para não perder o fio leve de democracia que se esboçava, neste país, desde o fim da ditadura, na década de 80.
No Estado do Rio de Janeiro, numa perspectiva ainda mais peculiar, temos experimentado tempos nunca vividos em relação ao aumento de violências no que concerne ao seu quantitativo e à sua forma de se materializar. As favelas e as periferias são as áreas onde essas violências se manifestam de forma enfática, num processo que se aprofunda ao longo do tempo, independente de algumas experiências, como é o caso do projeto Unidade de Polícia Pacificadora – UPP, que se apresentou, à época da sua implementação, a partir de 2008, como uma proposta de desarticulação do crime, identificado, basicamente, como o tráfico de drogas.
No conjunto das 16 favelas da Maré, onde residem 140.000 pessoas, podemos constatar de forma corriqueira a presença de agentes da segurança pública realizando operações policiais que acabam se tornando confrontos com alguns dos grupos armados existentes na região. Curiosamente, essa dinâmica atinge, apenas, as favelas onde as duas facções, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, estão presentes. Não temos notícias de confrontos entre os policiais e os milicianos nas duas favelas onde atuam na região. De fato, essa foi a escolha feita pelas forças de segurança do estado há longo tempo.
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