Uma ação mais humana por outra Maré é possível

Atuação do Estado no complexo de favelas do Rio em 2018 mostra que, com o apoio da sociedade civil, pode-se combater o crime de forma mais inteligente

O momento que vivemos chama atenção pela profusão de acontecimentos dramáticos que atravessam o nosso cotidiano. Mal conseguimos digeri-los e logo nos vemos diante de novos fatos a nos desafiar. Estamos, sem dúvida, diante de uma onda que nos exigirá intensa força e vigor para resistir a tempos que pensávamos já termos superado no Brasil. A maioria de nós certamente não imaginava que teríamos de nos articular para não perder o fio leve de democracia que se esboçava, neste país, desde o fim da ditadura, na década de 80.

No Estado do Rio de Janeiro, numa perspectiva ainda mais peculiar, temos experimentado tempos nunca vividos em relação ao aumento de violências no que concerne ao seu quantitativo e à sua forma de se materializar. As favelas e as periferias são as áreas onde essas violências se manifestam de forma enfática, num processo que se aprofunda ao longo do tempo, independente de algumas experiências, como é o caso do projeto Unidade de Polícia Pacificadora – UPP, que se apresentou, à época da sua implementação, a partir de 2008, como uma proposta de desarticulação do crime, identificado, basicamente, como o tráfico de drogas.

No conjunto das 16 favelas da Maré, onde residem 140.000 pessoas, podemos constatar de forma corriqueira a presença de agentes da segurança pública realizando operações policiais que acabam se tornando confrontos com alguns dos grupos armados existentes na região. Curiosamente, essa dinâmica atinge, apenas, as favelas onde as duas facções, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, estão presentes. Não temos notícias de confrontos entre os policiais e os milicianos nas duas favelas onde atuam na região. De fato, essa foi a escolha feita pelas forças de segurança do estado há longo tempo.

Leia a materia completa em El País

+ sobre o tema

Texto de discussão GEMAA: Os casos de suspeita de racismo noticiados pela Folha de S. Paulo: 2001-2012

O Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA),...

O Racismo faz a ronda

Três fatos aparentemente desconectados ocorridos na semana passada em...

As cotas raciais devem ser vistas como um caminho sem volta

Em 2008 fiz o vestibular na Universidade Federal do...

para lembrar

PM flagrado dando cascudo em suspeito será punido, diz comandante

Durante operação no Jacarezinho, Globocop mostrou agressão a homem...

Na Câmara, o dossiê antirracista

Um ano atrás, no Dia da Consciência Negra, o...

Atos de racismo perderão o direito de fiança

Pela Constituição, delitos desse tipo não dão direito a...
spot_imgspot_img

Cinco mulheres quilombolas foram mortas desde caso Mãe Bernadete, diz pesquisa

Cinco mulheres quilombolas foram mortas no Brasil desde o assassinato de Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, em agosto do ano passado. Ela era uma das...

Independência forjou nação, mas Brasil mantém lugares sociais de quem manda

Em pleno dia em que celebramos a independência do Brasil, vale questionarmos: quem somos enquanto nação? A quem cabe algum direito de fazer do...

Os outros

O que caracteriza um movimento identitário é a negação de princípios universais somada à afirmação de um grupo de identidade como essencialmente diferente dos "outros" e...
-+=