MC Carol une forças com Karol Conka para falar de feminismo em single

A relação entre MC Carol e Karol Conka, fortes figuras femininas no funk e no rap brasileiro, começou neste ano, quando Conka convidou a funkeira niteroiense para participar de seu show no festival Lollapalooza — na ocasião, Carol apresentou “Toca na pista” e fez dobradinha com a anfitriã no hit “Tombei”. Agora, a parceria ganha força em “100% feminista” (ouça abaixo, em primeira mão), single que tem produção dos renomados Leo Justi e Tropkillaz e estará no próximo disco de MC Carol, a ser lançado nas próximas semanas.

Depois de “Delação premiada”, música em que criticou a violência policial nas comunidades e fez um contraponto com o “tratamento diferenciado” que políticos e membros da elite recebem da Justiça e das próprias forças policiais, Carol volta a falar do feminismo, tema que já tinha abordado no hit “Meu namorado é mó otário”, de 2014, mas em tom diferente.

— Eu não sabia que era feminista. Eu já era desde criança, mas não sabia que tinha um nome para isso, para essa forma de pensar. Vim descobrir há pouco tempo, acho que no ano passado, através da minha empresária. Ela me explicou o significado e eu me identifiquei. Essa música explica por que eu sou feminista, por que eu tenho essa forma de pensar — conta a funkeira, que completa 23 anos nesta quinta-feira. — Hoje em dia, estou muito melhor, mas eu achava que, em um relacionamento, alguém tinha que bater e alguém tinha que apanhar. E, depois de tudo o que eu presenciei, eu vi que não queria ser esse tipo de mulher submissa. Eu quero bater.

O refrão de “100% feminista” começa com Carol (ou Karol) afirmando “eu cresci, prazer (C/K)arol bandida”. Ela revela que, ao pensar na letra, já visualizou o que aquilo podia render:

— Eu pensei neste refrão e já veio tudo. Pensei em um clipe para ela, por exemplo, em que uma criança via muitas coisas que não deveria ver, ficava triste, talvez chorava. E, no refrão, ao dizer “eu cresci, prazer (C/K)arol bandida”, mostraria uma mulher casada, forte para c***, que podia até bater no marido, se precisasse.

Leia comentário de Leonardo Lichote, crítico musical do GLOBO, sobre “100% feminista”:

Na gravação, as duas se apresentam da mesma forma, como “(C/K)arol bandida” e puxam para si: “represento as mulheres 100% feministas”. Elas são unificadas também pela produção de Leo Justi e Tropkillaz – a base é praticamente a mesma para as duas, um ponto de encontro entre o universo sonoro de cada uma. Mas a força de “100% feminista” está nas diferenças que vão para além da inicial de seus nomes. A perspectiva de cada uma está bem marcada em seus versos – e como se constrói o feminismo para cada uma delas. Enquanto Carol coloca a dureza clara da experiência pessoal (“Eu tinha uns cinco anos/ Mas ja entendia que mulher apanha/ Se não fizer comida”), Karol expõe um olhar mais analítico (“Século XXI/ E ainda querem nos limitar/ Com novas leis”) – uma alimentando e fortalecendo a contundência da outra.

 

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