Oxfam apresenta relatório sobre desigualdade social em fórum mundial

O documento da Oxfam aponta a taxação de super-ricos como uma das ferramentas mais importantes para reduzir a desigualdade social, que voltou a crescer e afeta mais de 62 milhões de pessoas somente no Brasil

Desde 2020, o 1% mais rico do mundo adquiriu seis vezes mais dinheiro do que 90% da população global. Os dados são do novo relatório da Oxfam A “Sobrevivência” do mais rico – por que é preciso tributar os super-ricos agora para combater as desigualdades, divulgado nesta segunda-feira (16) no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça.

O evento anual reúne a elite econômica e política do mundo para discutir diversos assuntos globais; neste ano, a Oxfam participa do encontro para garantir que o combate à extrema pobreza e às desigualdades esteja em pauta. A Oxfam é uma organização da sociedade civil que atua em prol do combate às desigualdades, com foco em quatro áreas: Justiça Rural e Desenvolvimento, Justiça Social e Econômica, Justiça Racial e de Gênero, e Justiça Climática e Amazônia.

Para a presidente da Oxfam Brasil, Kátia Maia, a participação da sociedade civil no evento é fundamental para demonstrar que somente a visão dos Estados e setores econômicos não são o suficiente para combater os desafios enfrentados pela população. “Temos que contribuir com esse debate e seguir pressionando para que esses setores adotem medidas para realmente enfrentar a urgência, eliminar essa concentração de riqueza e ter um mundo mais distributivo”.

Pela primeira vez em 30 anos, a extrema pobreza e a extrema riqueza cresceram de forma paralela. O relatório destaca que a comunidade global está vivendo um momento sem precedentes, de múltiplas crises. E enquanto a população é afetada por colapsos climáticos, altos níveis de pobreza e epidemias, como a de Covid-19, o 1% mais rico da humanidade se apropriou de mais da metade de toda a nova riqueza global.

A Oxfam defende a maior tributação de pessoas ricas e empresas como forma de saída da crise, tendo como base o seguinte cálculo: um imposto sobre a riqueza de 2% aplicado aos milionários do mundo, um de 3% àqueles com patrimônio acima de 50 milhões de dólares e outro de 5% aos bilionários poderia arrecadar 1,7 trilhão de dólares anualmente. O valor é suficiente para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza, financiando programas de combate à fome e recuperação de danos causados pelo colapso climático e promovendo o acesso à saúde e proteção social. O cálculo foi feito em conjunto com Institute for Policy Studies, Patriotic Millionaires e Fight Inequality Alliance, a partir de dados da Wealth-X e da Forbes.

NÚMERO DE BRASILEIROS QUE VIVEM NA EXTREMA POBREZA BATE RECORDE

O Brasil é um dos únicos países no mundo que não tributa lucros e dividendos, fazendo com que as pessoas mais ricas paguem proporcionalmente menos impostos que grande parte da população. São 284 bilionários no país, segundo a revista Forbes. Por outro lado, um relatório do IBGE aponta que existem 62,5 milhões de brasileiros vivendo em situação de extrema pobreza.

O relatório está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, com ênfase no ODS 1 – Erradicação da pobreza e ODS 10 – Redução das desigualdades.

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