O Plano Juventude Viva possui agora uma nova coordenadora: Ângela Guimarães, que exerce também a função de Secretária-Adjunta da Secretaria Nacional de Juventude. Ângela é licenciada em Sociologia pela Universidade Federal da Bahia e iniciou sua trajetória política no movimento estudantil em Salvador.
De 2001 a 2010, fez parte das direções estadual e nacional da União da Juventude Socialista (UJS) e União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO), onde protagonizou as lutas contra os aumentos de tarifas e pela aprovação das cotas raciais nas universidades públicas.
Desde 2007, integra o Conselho Nacional de Juventude, do qual é a atual presidenta, e no período 2008-2010 fez parte da primeira gestão do Conselho de Juventude da Bahia.
Na Secretaria Nacional de Juventude, coordenou o processo de construção da 2ª Conferencia Nacional de Juventude como Secretária-Adjunta e agora inicia a coordenação do Plano Juventude Viva, em sua segunda fase.
Leia também a entrevista com Ângela Guimarães, como Secretária Adjunta de Juventude
da Agência Jovem em outubro 2013
Na manhã da última sexta-feira (27), jovens da RENAJOC – Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores realizaram um bate-bola com Ângela Guimarães, Secretaria Adjunta da Secretaria Nacional Juventude, que esteve presente no seminário de comunicação do Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE.
Qual a perspectiva do governo para trabalhar a democratização da comunicação com as juventudes?
Nós acreditamos que os insumos produzidos aqui no seminário de comunicação aliados ás resoluções das conferencias de juventude precisam ajudar a impulsionar esse tema para dentro do governo. Existem algumas plataformas dos movimentos sociais na direção da democratização da comunicação e da regulação da mídia, da participação social, da diversidade de conteúdos, do financiamento público para nós termos uma diversidade maior de instrumentos, de pautas e agendas na área da comunicação. Nós achamos que os insumos coletados aqui irão nos ajudar na nossa orientação; segundo o ponto de vista da Secretaria Nacional de Juventude e dessa nossa relação com as áreas que cuidam das políticas de comunicação, não vai ser um trabalho fácil, pois sabemos que é um tema difícil de tratar, não há consenso de que precisamos empreender um processo apurado no sentido de democratizar de fato a produção e a socialização da comunicação no Brasil. Eu acredito que espaços como esse fortalecem a convicção que pelo menos a Secretaria possui, mas nós não temos expectativas em curto prazo de grandes avanços, devemos pensar em avanços por partes, como a discussão do marco civil da internet, que é uma agenda para termos uma incidência forte. Devemos procurar uma incidência em vários temas e não vamos conseguir de imediato uma revolução nessa área que precisa dessa demanda, mas não temos essa correlação de força do governo para poder empreender isso.
Quais temáticas que a Secretaria Nacional de Juventude espera que sejam pautadas no Seminário de Comunicação do CONJUVE?
Vimos o debate sobre a quebra do monopólio do controle dessas famílias que acabam monopolizando a comunicação e a necessidade do financiamento público e da desburocratização do financiamento para que movimentos juvenis como a VIRAÇÃO e tantas outras organizações que integram o conselho possam fazer das suas comunicações um meio de qualidade que chegue à maioria das juventudes. Outro tema que eu acho que precisa vir com bastante força é a representação das juventudes nos espaços de “mídias tradicionais”, porque são caóticas e estigmatizadoras e não contribuem para o paradigma de jovens que estamos afirmando como sujeitos de direitos e estratégicos para o processo de afirmação do desenvolvimento nacional como agentes transformadores.
A Secretaria Nacional de Juventude possui algum projeto ou algo parecido que possa trabalhar a democratização da comunicação?
Hoje a nossa ação mais forte nesse tema é a implementação do participatório, cuja ideia é ser um observatório participativo das juventudes, mas não só um observatório sob o ponto de vista da produção de conhecimento acadêmico, mas também no objetivo de congregar as demandas, agendas e os temas de juventude em discussão naquele espaço, onde temos comunidades e fóruns debatendo desde a política até as questões ambientais. Nós acreditamos que essa é uma ferramenta muito importante para estimular e agregar a juventude que está interessada nesse debate e nós temos a ambição de fazer muito mais, como a ideia de fazer uma vez ao mês um debate aberto em locais de grande circulação e pautar vários temas de juventude. Estamos experimentando por esses caminhos e, ao lado do participatório, desenvolvemos uma campanha no âmbito do plano do Juventude Viva, voltada a uma cultura de paz e à quebra de estereótipos sobre a juventude negra, porque nossos grandes meios de comunicação representam a juventude e a ligam a tudo o que há de pior na sociedade, enfim, estamos com essa campanha no âmbito do Juventude Viva. Temos um edital aberto para instituições que trabalham com comunicação no estado do Alagoas e do Distrito Federal e pretendemos depois expandir para os outros estados que possuem o Juventude Viva, agregando as ações com entidades que já trabalham nas periferias. O objetivo é criar uma rede junto com essas entidades e o governo para ajudar a implementar essas ações.
Qual a chance do tema da democratização da comunicação ser debatido na próxima Conferência Nacional de Juventude?
É um fato que vai ser debatido e vai continuar sendo até que demos passos nesse sentido. Eu acho que cada vez esse tema vem com mais força e mais clareza de onde devemos atuar, porque ninguém se sente representado por essas mídias que destorcem e não mostram o Brasil que nós todos vivemos. É inaceitável e inconvivível que nós continuemos a ser manipulados para pensar um conjunto de coisas, que simplesmente decorrem de uma indução do nosso cotidiano, como, por exemplo, a campanha pela redução da maioridade penal. É uma indução, pois nós temos 0,6% dos homicídios cometidos por adolescentes com menos de 18 anos e do jeito que é retratado parece que você não pode sair na rua e ver um adolescente, pois já corre risco de ser assassinado. Os grande meios de comunicação não falam o que o povo está vivendo, o que acaba sendo muito contraditório na sensação que o povo vem tendo em sua relação de vida e no que é retratado. Sem contar os temas fora da realidade que são colocados, como nessas novelas e programas de entretenimento que acabam impondo um grau de futilidade enorme que não tem rebatimento nas demandas da população e que em enquetes mostram que a televisão deveria mostrar mais programas de noticias e cultura, o que demonstra que esse tema é uma pauta que a sociedade já tem consciência que deve ser debatido.
Por Joaquim O. Moura, Luiz Felipe Bessa, Reynaldo Azevedo e Jessica Delcarro, da Renajoc