Em ‘Topo da Minha Cabeça’, Tássia Reis funde ritmos e guia novo momento

Faixas do álbum mesclam ancestralidade e inovação em uma jornada de autoconhecimento

FONTEFolha de São Paulo, por Jairo Malta
Capa do novo álbum da Tássia Reis, 'Topo da Minha Cabeça' - Divulgação

“Topo da Minha Cabeça”, mais recente projeto de Tássia Reis, é um retrato íntimo e poético da sua jornada de autoconhecimento. Em dez faixas, a artista paulista costura uma narrativa que celebra suas raízes e explora a complexidade de sua ancestralidade. Com uma fusão de gêneros como sambarap, drill, funk, jazz e R&B, o álbum dialoga com uma estética afrofuturista que posiciona a cantora no ponto mais alto de sua trajetória musical.

A faixa-título, “Topo da Minha Cabeça”, sintetiza o conceito do disco: alcançar o topo pessoal, mental e espiritual. Inspirada por referências como Sun RaErykah Badu e Solange, a canção reflete a resiliência da artista em meio a adversidades. Tássia revela que, após momentos desafiadores, reconectou-se consigo mesma e com sua saúde mental, espiritual e física, criando um mantra de superação e autenticidade que reverbera em todo o álbum.

Esse trabalho começou a ser maturado em 2020, com a composição de “Ofício de Cantante”, uma homenagem ao samba e à sua ancestralidade. A participação de Tássia no programa *Versões* e sua turnê em 2022 reforçaram essa reconexão, trazendo o samba como ponto de partida para a criação do álbum. Ao longo do processo, o disco foi ganhando camadas, se transformando em uma obra plural e rica em influências.

O samba serve como base sólida, mas não se limita a ele. Referências como Gilberto Gil, Elza Soares e Alcione se entrelaçam com sonoridades contemporâneas, refletindo a versatilidade da artista. Com produções de Barba Negra, Fejuca, Kiko Dinucci e Felipe Pizzu, o álbum se constrói de forma colaborativa e plural. As participações de Criolo e Theodoro Nagô acrescentam ainda mais diversidade e profundidade ao projeto.

Além da música, o conceito visual do álbum também se destaca. O cabelo, símbolo central da identidade negra, é usado para contar uma história de ancestralidade e pertencimento. Sob a direção criativa de Leandro Assis, elementos visuais dos anos 70 dialogam com as canções, reforçando o afrofuturismo presente na obra. A combinação de cores, formas e tipografia potencializa a mensagem que Tássia traz em suas letras.

O álbum vai além da música. Ele é um exercício de cura e resistência, onde Tássia aborda questões pessoais, mas também levanta discussões sociais e culturais. As faixas convidam o ouvinte a uma reflexão profunda, criando uma experiência imersiva e transformadora. Com produção refinada e letras marcantes, “Topo da Minha Cabeça” é uma obra que ressoa tanto no nível emocional quanto intelectual.

Tássia Reis, com este quinto álbum, firma-se como uma das vozes mais inovadoras da música brasileira. Ao unir o passado e o futuro, a artista cria uma obra que transcende gêneros e gerações, mostrando que o caminho para o topo é, acima de tudo, uma jornada de autoconhecimento e reconexão com as próprias raízes.

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