Entidades terão encontro com parlamentares dos EUA para tratar de risco de golpe no Brasil

Representantes terão conversa com senador Bernie Sanders e deputado que integra comissão que investiga invasão do Capitólio

FONTEFolha de São Paulo, por Rafael Balago
Maria Sylvia de Oliveira, coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça - Geledés Instituto da Mulher Negra (Foto: Natália Carneiro)

Uma comitiva de representantes de entidades civis do Brasil viajará a Washington na semana que vem e terá encontros com autoridades dos Estados Unidos para conversar sobre o risco de golpe nas eleições presidenciais do Brasil.

O grupo tem reuniões previstas com o senador Bernie Sanders e com o deputado Jamie Raskin, que integra a comissão especial de investigação da invasão do Congresso americano em 6 de janeiro de 2021. Conversas com outras autoridades americanas também estão sendo marcadas.

Sanders foi pré-candidato à Presidência dos EUA em 2016 e 2020, pelo Partido Democrata. É considerado uma das vozes mais à esquerda da política americana.

Raskin, deputado por Maryland e membro do Partido Democrata, atua na investigação que tem revelado detalhes sobre a organização da invasão ao Capitólio, quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump tentaram reverter à força a derrota do republicano nas urnas.

A comitiva incluirá representantes de entidades como Artigo 19, Conectas, Comissão Arns, Greenpeace Brasil, ABGLT, Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) e Geledés (Instituto da Mulher Negra).

A viagem está sendo organizada pelo WBO (Washington Brazil Office) e, de acordo com organizadores, tem como objetivos tratar das ameaças ao processo eleitoral brasileiro e pedir um posicionamento firme em relação ao respeito ao resultado da votação, seja quem for o vencedor.

“O mundo inteiro acompanha com atenção as eleições presidenciais do Brasil. Nos EUA, há uma sensibilidade ainda maior, por causa das tentativas de subversão do processo eleitoral americano em 2020 e da invasão ao Capitólio em 2021. As organizações brasileiras têm muito a dizer e a ouvir nessa série de encontros”, diz Paulo Abrão, diretor-executivo do WBO.

Bolsonaro tem colocado em dúvida a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro, como fez Trump: antes da eleição, o republicano tentou plantar diversas dúvidas sobre a segurança da votação. Depois que a apuração mostrou vitória do democrata Joe Biden, o republicano tentou de diversas formas reverter o resultado, inclusive coagindo funcionários que organizavam as eleições, mas sem conseguir. Biden tomou posse em 20 de janeiro de 2021.

Nesta segunda, o presidente brasileiro voltou a questionar o sistema eleitoral brasileiro e a fazer ameaças golpistas, desta vez em um encontro com embaixadores em Brasília.

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