Especialista em Direitos Humanos cria o primeiro clube literário antirracista do Brasil

Fundado por uma quilombola, o intuito do projeto é promover a igualdade racial por meio da produção literária. Participantes receberão títulos escolhidos por uma curadoria especializada

Por Iron Ferreira, do Heloisa Tolipan

A especialista em Direitos Humanos e Relações Étnico-Raciais e Quilombolas, Mirts Sants, é fundadora da iniciativa Pretaria BlackBooks, um clube literário que visa a estimular a produção de livros e obras que promovam a igualdade racial no Brasil. Mirts explica que a iniciativa principal é difundir o lançamento de livros escritos por pessoas negras, bem como incentivar uma nova geração de autores: “O estopim para criar o projeto veio pelo fato de eu ser ativista quilombola e estudiosa das questões raciais, recebendo muitos pedidos de indicações de leitura sobre o tema. Essa demanda foi aumentando ao longo da minha trajetória e percebi que havia um interesse enorme por essas obras”.

A partir de uma assinatura, os participantes irão receber mensalmente uma caixa contendo dicas literárias, brindes exclusivos e um título específico que será selecionado por uma curadoria especializada. A ideia, que foi apresentada para um grupo de colaboradores, tem como passo inicial arrecadar fundos para a viabilização do clube. Qualquer pessoa física ou jurídica pode ajudar se associando e contribuindo com a quantia desejada. Conteúdos especiais estarão à disposição dos que incentivarem a causa.

Mirts Sants, mulher negra de proximadamente 33 anos, com casaco salmão,cabelos soltos e gesticulando com as mãos
Mirts Sants, fundadora do projeto, afirma que a descoberta de novos talentos da literatura negra e o antirracismo são os principais objetivos do clube literário. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Entre os intelectuais responsáveis por selecionar as obras incluídas no clube, estarão artistas e mulheres negras de vários estados do país, como Rio de JaneiroEspírito SantoSão PauloBahia e Minas Gerais. A intenção é que representantes de todo o Brasil e até do exterior sejam adicionados ao catálogo. A atriz e escritora Suely Bispo, a especialista em Políticas de Promoção de Igualdade Racial na Escola Sarita Faustino, a socióloga Eliane Quintiliano, a professora e pesquisadora em Letras e Literatura Afrolatina Aila Felício e a ativista e pesquisadora Arielly dos Santos são algumas das profissionais engajadas no programa.

As edições serão planejadas para públicos diversos, contendo produtos com temáticas infantis e adultas. Embora a iniciativa tenha sido criada por mulheres negras, o projeto está aberto aos homens e a todos os escritores não negros voltados para a promoção da igualdade racial e das causas antirracistas. Mirts relata ainda a dificuldade que escritores negros enfrentam para terem o seu trabalho reconhecido: “Temos estoques de livros de autores, escritores e poetas negros que ficam nas prateleiras e muitas vezes as pessoas desconhecem esse conteúdo, que é muito rico e traz importantes debates”.

Neide Sellin, cientista da computação e criadora do robô cão-guia Lysa é parceira e sócia de Mirts no clube literário Pretaria BlackBooks.

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