Hoje na história, 1901, a 110 anos nascia Louis Armstrong

Louis Daniel Armstrong (Nova Orleans, 4 de agosto de 1901 — Nova Iorque, 6 de julho de 1971) é considerado “a personificação do jazz”.[1] Louis Armstrong é famoso tanto como cantor quanto como solista, com seu trompete.

Louis Armstrong é, sem dúvida, o músico de jazz mais conhecido do público em todo o mundo. Foi chamado de “a personificação do jazz”. Seu retrato e sua voz são inconfundíveis, até para quem não é aficionado do jazz.

Nascido em Storyville, o distrito de New Orleans famoso por seu ambiente, digamos, diversificado, que incluía de bordéis até igrejas, passando por espeluncas diversas, Louis Daniel Armstrong passou a infância mergulhado em grande pobreza. Seu pai abandonou a família asssim que Louis nasceu. Dividindo seu tempo entre a liberdade das ruas e o trabalho para ajudar a família, o pequeno Louis tornou-se uma criança extremamente esperta e adaptada à vida difícil. Conseguiu comprar uma corneta e, sozinho, começou a aprender a tocá-la. Também cantava com um grupo pelas ruas para ganhar uns trocados a mais. Na noite do ano novo de 1912, por brincadeira, atirou para o alto com um revólver, e por isso foi enviado a um reformatório, onde passaria um ano e meio. Curiosamente, foi essa temporada no reformatório que o fez ter um contato intensivo com a música, tocando bugle e corneta na banda da instituição. Ali também começou a aprender harmonia. De volta à liberdade, fez diversos bicos para se sustentar, e aproveitava cada oportunidade para emprestar uma corneta e tocar onde fosse possível, dentre as inúmeras bandas que pululavam por New Orleans – uma música que, no entanto, ainda não era o jazz.

A extraordinária musicalidade inata de Armstrong, somada à disciplina técnica que havia adquirido na banda do reformatório, capacitaram-no a tocar num estilo pessoal, incisivo e virtuosístico que ultrapassava o estilo reinante em New Orleans naquele tempo. Por volta de 1917, Joe “King” Oliver, percebendo o talento do jovem, tomou Armstrong sob sua proteção, e quando foi para Chicago em 1918, recomendou Armstrong para substituí-lo na banda de Kid Ory. Louis tocou com a banda de Fate Marable entre 1919 e 1921, e em 1922 foi para Chicago para se juntar novamente a Oliver. Em 1924 casou-se com Lillian Hardin, a pianista do conjunto de Oliver (a segunda de suas quatro esposas). Por incentivo de Lil, Louis deixou Oliver e entrou para a orquestra de Fletcher Henderson em Nova Iorque, com quem ficaria pouco mais de um ano.

A estréia de Armstrong como líder se deu em 12 de novembro de 1925. Nos anos seguintes, Armstrong gravaria muito, com os Hot Five de 1925-1926, os Hot Seven de 1927 e os Hot Five de 1928 – os melhores (com seis integrantes), com Earl Hines ao piano. Toda essa série de gravações é absolutamente antológica, e ocupa um lugar central na história do jazz. Nelas, o gênio de Armstrong se revela em sua plenitude. Durante esse período, Armstrong também trabalhou com inúmeras orquestras. Foi por essa época que ele trocou definitivamente a corneta pelo trompete. A partir de 1929, Armstrong deixa os conjuntos pequenos e passa dezenove anos trabalhando apenas à frente de grandes orquestras, sempre como estrela absoluta. Em 1932 e 1933 fez suas primeiras turnês pela Europa. Em 1938 Louis e Lilian se divorciam e ele se casa com Alpha Smith. Em 1942 casa-se com Lucille Wilson, que seria sua esposa até o fim da vida. Nos anos 40, especialmente com o declínio do swing no pós-guerra, a música de Armstrong começou a ser considerada pelo público como um tanto fora de moda. Em 1948 forma o Louis Armstrong and His All Stars, um sexteto de grandes músicos, nos moldes do seu segundo Hot Five, agora com a participação do ex-clarinetista de Duke Ellington, Barney Bigard, o notável trombonista Jack Teagarden, o baixista Arvel Shaw, o grande baterista Sid Catlett, e o mestre Earl Hines ao piano. Esse conjunto se revela o contexto ideal para a arte de Armstrong, e com ele faz turnês por todo o mundo. No entanto, com o passar do tempo, ocorreram sucessivas mudanças no pessoal dos All Stars, o padrão musical caiu sensivelmente, e a música se tornou mais previsível.

Nos anos 50 e 60, Armstrong se tornou uma celebridade sem paralelo no mundo da música popular, graças não só às suas turnês e gravações, mas também, às suas participações em filmes. Apesar de ter sofrido um ataque cardíaco em 1959, continuou ativo e realizando turnês. Enfrentou algumas críticas por parte dos ativistas negros norte-americanos, pelo fato de não militar mais ativamente no movimento dos direitos civis. Porém é preciso lembrar que, naquela época, Louis já se aproximava dos 60 anos de idade, e pertencia a uma geração diferente daquela que estava assumindo a linha de frente dos protestos e da militância no final dos anos 50 e ao longo dos anos 60. Armstrong trabalhou até os seus últimos dias, e morreu dormindo em sua casa, em Nova Iorque, em 6 de julho de 1971.

Numa avaliação objetiva, no plano musical, toda a fama de Armstrong, de proporções quase mitológicas, é plenamente merecida. Ele efetivamente redefiniu o jazz, e foi o seu primeiro grande virtuose. Em primeiro lugar, Armstrong expandiu os limites de seu instrumento, ampliando a extensão do trompete até notas consideradas inacessíveis aos executantes anteriores, de tão agudas. Seu som é límpido e quente, com um vibrato absolutamente regular nos finais de frases, como poucos na história do jazz. Seu fraseado é admiravelmente focalizado e, acima de tudo, inventivo: Armstrong inicia e termina suas frases em pontos que nunca são óbvios. Sua improvisação nos depara uma imaginação que parece inesgotável. A influência de Armstrong pode ter sido mais direta ou indireta, dependendo das épocas e dos estilos em voga, porém nunca desapareceu completamente; está presente em todo o jazz. A maioria dos trompetistas que vieram depois de Armstrong têm alguma dívida para com ele.

Com o passar dos anos, Louis começou a cantar cada vez mais, às vezes até mais do que tocar, e foi principalmente essa imagem que ficou gravada no inconsciente coletivo – a de cantor e entertainer, mais do que trompetista. Alguns críticos consideram a propensão cada vez maior de Armstrong para cantar como um sinal claro de declínio ou acomodação no plano musical. Porém é preciso entender o canto de Armstrong como sendo mais uma faceta de seu talento, que já se manifestava em algum grau desde os anos 20. Com uma voz singular e sem paralelo na história da música – embora se tenha freqüentemente tentado imitá-la – Armstrong era um grande cantor. O timbre rouco e grave teria sido considerado esdrúxulo em qualquer outro contexto, porém para o jazz se mostrava um instrumento admirável. A entonação aparentemente “preguiçosa” escondia um timing perfeito e um senso rítmico impecável, que dava a cada frase o recorte perfeito. Uma outra característica única da voz de Armstrong era a maneira pela qual ele mantinha o vibrato mesmo nas consoantes finais das palavras (“ar-r-r-r-r”, “is-z-z-z-z”, etc). Finalmente, deve-se destacar que ele era um cantor imensamente expressivo, que valorizava cada verso da letra na medida exata.

Acima de tudo, Armstrong demonstrou, ao longo de toda a carreira, possuir uma personalidade generosa, em termos tanto humanos como musicais.

Fonte: O site do Jazz

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