Intersecção entre gênero e raça: A outra face do Samba Paulista

Carnaval Vila Esperança - Déc. de 1950. Autor desconhecido

O ANGANA – Núcleo de Pesquisa e Educação Patrimonial em Territórios Negros de São Paulo atua na desconstrução de versões da história que se pretende oficial e universal, a qual desconsidera toda a atuação política da população negra nos mais distintos ramos da atuação humana. Batalhamos pelo direito à memória, onde as referências e experiências de matriz afro sejam reconhecidas, valorizadas e passem a compor o mosaico que forma cada um(a) de nós como sujeitos históricos e políticos.

Por Thais Avelar enviado para o Portal Geledés 

Carnaval Vila Esperança – Déc. de 1950. Autor desconhecido

É a partir desse ensejo que atua o Grupo de Estudos Afro – GEAP paulistanos para pautar, coletivamente, a desconstrução de visões míticas, estereotipadas e estigmatizantes que distorcem e esvaziam as experiências históricas dos africanos e afrodescendentes.

Para tanto, propõe-se o diálogo e a troca de saberes e referências a partir do diálogo e leituras orientadas e debatidas coletivamente, a partir de um cronograma de leituras, organizadas em caráter interdisciplinar, abordando transversalmente perspectivas historiográficas, geográficas, cartográficas, urbanísticas, patrimonialistas e culturais que permitam recompor o mosaico da história  pautando às experiências múltiplas e heterogêneas da população negra no contexto paulistano, a partir de sua diversidade, complexidade e agências no processo histórico. 

Para dividir e multiplicar os conhecimentos, mensalmente estaremos abertos para criar canais de interlocução.

Em março de 2018 abrimos os trabalhos sincronizando as discussões do grupo com as reflexões sobre o carnaval, justamente por compreendermos que a história do samba em São Paulo é um potente instrumento para refletir a formação dessa cidade e a resistência negra na construção da mesma em contraponto aos projetos de planejamento urbano, dotados de caráter higienista, onde a presença da população negra fisicamente e simbolicamente era indesejada. Com o pretexto de rever a história dos nossos ancestrais os quais fizeram das ruas espaço de disputa política e afirmação de identidades negras.

No bojo dessa discussão, a questão de gênero, alicerçada no protagonismo de mulheres negras constitui-se como vetor da discussão ao entendermos que questionar a história “oficial” prevê, concomitantemente, o questionamento do patriarcado e o reconhecimento das experiências das mulheres negras na subversão da cristalização dos papeis sociais e no fomento a outros devires.

Convidamos todas e todos para refletir sobre essas questões a luz da obra “História  de vida de  mulheres negras: estudo elaborado a partir das escolas de samba paulistanas em diálogo com a autora Eloiza Maria N. Silva.

 

Sobre a autora:

Eloiza Maria N.  Silva é graduada em História e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo – USP, licenciada em Pedagogia pela UNIBAN e especialista em Educação para Relações Raciais pela Universidade Federal de São Carlos. Coordenadora Pedagógica da escola “EMEI Profª Alaíde Bueno Rodrigues” da rede pública.

 

Mediadores

Marcelo Vitale Teodoro da Silva é graduado em história e cursa mestrado na USP, sobre a história de mulheres negras em São Paulo, sob orientação de Maria Cristina C. Wissenbach. Idealizador do curso Afrodescendência Plural e Ativa no Brasil: Desconstrução e reconstrução das historicidades das populações negras em São Paulo (1ª edição), contemplado pelo PROAC – Proteção e Promoção das Culturas Negras. Atualmente é pesquisador do Angana – Núcleo de Pesquisa e Educação Patrimonial em Territórios Negros.

Thais Fernanda Alves Avelar é Graduada em Lazer e Turismo pela Universidade de São Paulo – USP. Mestre em Museologia – MAE/USP. Especialista em Cultura, Educação e Relações Étnico-raciais – USP. Especialista em Gestão de Projetos Culturais – USP. Atuou na formação de professores, na temática de educação étnico–racial, na linguagem audiovisual, no NEER-  Núcleo de Educação Étnico-Racial da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Atualmente é pesquisador do Angana – Núcleo de Pesquisa e Educação Patrimonial em Territórios Negros.

 

Onde: Centro Cultural da Penha

Quando: 07 de março de 2018

Horário: das 19:30h  às 21:30h

  1. Promover estudos e pesquisas relacionadas às histórias e culturas das populações afro-brasileiras na cidade de São Paulo;
  2. Problematizar e pesquisar a história da população negra na cidade de São Paulo a partir da leitura “a contrapelo” das narrativas da história oficial;
  3. Reunir indicações de referências bibliográficas, obras audiovisuais e registro de atividades culturais que possam servir de referência para estudos e pesquisas sobre educação patrimonial e territorialidades afro-brasileiras na cidade de São Paulo;
  4. Evidenciar a presença múltipla e heterogênea da população negra na cidade de São Paulo, como sujeito ativo e partícipe da história dessa cidade. Ou seja, evidenciar as “cidades invisíveis”, entendendo que tal ato está diretamente relacionado com o combate ao racismo, e, por conseguinte, o fortalecimento da democracia, uma vez que esse exercício possibilita “enxergar no espelho da história”, a atuação da população negra,  subvertendo as lentes hegemônicas que inviabilizam o reconhecimento de seu protagonismo histórico.

 

** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

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