Jezebel ou Jezabel, foi uma personagem bíblica — Rainha de Israel, esposa do Rei Acab e basicamente, segundo a bíblia, ela era uma escrota: começou a adorar outro deus do nada, mandou matar a porra toda de gente, não obedecia ninguém e, pior ainda, era mó sexy. Ou seja, é a mulher caída, a pecadora, a que não presta.
por Suzane Jardim no Medium Corporation
POIS BEM na era vitoriana, tinha toda uma imagem da boa mulher e basicamente ela era européia e cristã — fim. Até que um dia europeus entraram em contato com mulheres africanas e atribuíram aquela semi nudez usada nos trópicos à promiscuidade.
Se eles se deparavam com aldeias africanas onde poligamia era uma prática então… vish, obviamente as mulheres negras só podiam ter uma luxuria incontrolável e ainda por cima eram pagãs, logo, não deviam ter moral nenhuma — igual a Jezebel.
Mas claro que isso não era um problema pros homens europeus da época né?
Afinal, se tem essas minas aí, elas não são de Deus e portanto não tem moral, elas tão sempre quase nuas e são insaciavelmente luxuriosas ENTÃO SUPER DE BOA transar com elas sem pedir ou usar o corpo delas como exibição.
Basicamente o grande impacto desse esteriótipo foi o de que ele foi responsável por justificar o estupro e abuso sexual cometido à mulheres negras, afinal, seria “impossível estuprar mulheres tão promiscuas”.
Teve um abolicionista (sim! um a b o l i c i o n i s t a) que dizia que “as mulheres escravas ficavam gratas com os avanços dos saxões”……………….. é………….
Mesmo depois da abolição, o estupro e o abuso não parou: o medo que mulheres negras tinham de denunciar homens brancos de estupro e abuso era justificado e a prática se manteve até hoje — a negra fogosa que tá procurando, sabe como é….
Essa imagem sexualizada da mulher negra devoradora de homens como um contraponto da mulher branca comportada é amplamente usada na mídia (como nesse comercial aí da imagem acima).
A mulher branca permanece uma ótima esposa enquanto as mulheres negras se fixaram como as melhores amantes.
leia também:
- Reconhecendo estereótipos racistas internacionais – Parte I
- O Jim Crow – Reconhecendo estereótipos racistas internacionais – Parte II
- Sambo (Coon) – Reconhecendo estereótipos racistas internacionais – Parte III
- Golliwog, pickaninny e golly doll – Reconhecendo estereótipos racistas internacionais – Parte IV
- Tia Jemina (a Mammy) – Reconhecendo estereótipos racistas internacionais – Parte V
- Uncle Tom – Reconhecendo estereótipos racistas internacionais – Parte VI
- The Black Bucks (O Mandingo) – Reconhecendo estereótipos racistas internacionais – Parte VII