Gabriel Priolli resgata um vídeo que conta a história do Movimento Negro e sua organização, que foi ao ar na TV Cultura de São Paulo em 1977.
É surpreendente a sua atualidade e contemporâneidade em 2015.
Nós do Movimento Negro Brasileiro temos muito pouco material televisivo da época da ditadura. Apesar de movimentarmos milhões de negros brasileiros por todo o país com consciência, dignidade, reconhecimento e “soul”. Nossa invisibilidade na “mídia” oficial era quase que total.
Este documentário portanto se insere então no rol dos vídeos, que todos os negros e negras contemporâneos e futuros, terão a obrigação de ver caso queiram sabem um pouco mais de seu presente, através do que foi feito em um passado recentíssimo. Marcos Romão (Mamapress)
“Quando a classe média, o branco começou a a entrar nas escolas de samba, a gente começou a se sentir um pouco, como se estivesse sendo expulso de lá”. Hamilton Bernardes Cardoso( 1977) Publicado em 3 de jul de 2015 por Gabriel Priolli
Documentário realizado pelo Departamento de Jornalismo da TV Cultura de São Paulo, em 1977.
O filme registra a rearticulação do movimento negro brasileiro, no final da ditadura militar, com depoimentos de intelectuais e ativistas importantes, como Beatriz Nascimento, Eduardo Oliveira e Oliveira, e Hamilton Bernardes Cardoso.
Mostra como a soul music norte-americana, seus temas e sua cultura (gestual, vestuário, hábitos, etc) influenciaram a juventude negra do final dos anos 1970 e serviram como eixo articulador de um sentimento de orgullho e pertencimento, que impulsionou a mobilização política contra o racismo e em favor dos direitos raciais.
“Para entender a história do negro, você tem que partir da história deles como um grupo livre, como empreendendo uma sociedade livre, mesmo que dentro da sociedade (maior) tenha existido escravo, mas basicamente o quilombo é uma sociedade de homens livres, que procura organizar uma sociedade para si, onde ele possa viver de acordo com o seu passado histório, africano e brasileiro, com seus hábitos, suas culturas e sua forma de ser.
O quilombo não se esgota na história da repressão, ele se prolonga na história da organização e localização dos negros nos mocambos e favelas. Maria Beatriz Nascimento (1977)
”Na medida em que o negro caminha para a conscientização e conhecimento de si próprio, na medida em que o negro consolida este conhecimento, ele vai poder fazer um bom trabalho não só de educar-se, como também educar o branco.
Acho que é preciso que nós brancos e negros nos eduquemos juntos, para conhecer afinal de contas a nossa história, esta parte da história, que é a história do negro, que até hoje tem sido relegada a segundo plano.
Eu acho que tem sido relegada porque nós, que fomos os feitores desta história, não tínhamos ainda tido condições de querer revelá-la.” Eduardo Oliveira Oliveira (1977)