O novo show de Chico Buarque realizado neste sábado (5) em Belo Horizonte já estava na parte final quando o cantor elevou a apresentação ao ápice. Em versos, ele responde à versão da música ‘Cálice’, uma composição entre ele e o parceiro Gilberto Gil, que recebeu uma nova roupagem com o rapper Criolo.
“Valeu, Criolo Doido! Evoé, jovem artista! Palmas para o refrão do rapper paulista”, disse Chico, antes de emendar nas palavras de Criolo: “Pai, afasta de mim a biqueira. Afasta de mim as ‘biate’. Afasta de mim as ‘cocaine’, pois na quebrada escorre sangue”.
O rapper ganha a cada dia mais notoriedade no cenário musical. No mês passado foi agraciado no VMB na categoria Melhor Música, por ‘Não Existe Amos em SP’, canção representada ao lado de Caetano Veloso durante o evento.
Cálice: Há preconceito com o nordestino, negro, analfabeto. Mas não há preconceito se um dos três for rico, pai.
Cálice
Criolo
Como ir pro trabalho sem levar um tiro
Voltar pra casa sem levar um tiro
Se as três da matina tem alguém que frita
E é capaz de tudo pra manter sua brisa
Os saraus tiveram que invadir os botecos
Pois biblioteca não era lugar de poesia
Biblioteca tinha que ter silêncio,
E uma gente que se acha assim muito sabida
Há preconceito com o nordestino
Há preconceito com o homem negro
Há preconceito com o analfabeto
Mas não há preconceito se um dos três for rico, pai.
A ditadura segue meu amigo Milton
A repressão segue meu amigo Chico
Me chamam Criolo e o meu berço é o rap
Mas não existe fronteira pra minha poesia, pai.
Afasta de mim a biqueira, pai
Afasta de mim as biate, pai
Afasta de mim a coqueine, pai
Pois na quebrada escorre sangue,pai.
Pai
Afasta de mim a biqueira, pai
Afasta de mim as biate, pai
Afasta de mim a coqueine, pai.
Pois na quebrada escorre sangue.