Produção percorre rotas oginais do tráfico de escravizados na África séculos depois

Documentário 'Mulheres negras em rotas de liberdade' leva ao continente africano expoentes brasileiras da luta antirracista

A diretora baiana Urânia Munzanzu apresenta o documentário “Mulheres Negras em Rotas de Liberdade”, como uma celebração à ancestralidade, à liberdade e às lutas das mulheres negras brasileiras em reconexão com suas raízes africanas. Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, Erica Malunguinho, Luedji Luna, Mirtes Renata, Carla Akotirene e a própria Urânia protagonizam a produção, que chega ao continente africano esta semana para uma jornada inédita às rotas originais do tráfico de escravizados.

Durante as gravações, que ocorrerão em duas etapas (de 25 de novembro a 19 de dezembro de 2024 e em março de 2025), as protagonistas farão uma imersão em quatro países do continente africano — Senegal, Benin, Nigéria e Cabo Verde —, explorando histórias e perspectivas sobre os corpos das mulheres negras afrodiaspóricas como símbolos de resistência e transformação.

Além disso, no dia 9 de dezembro de 2024, acontecerá um evento especial na Obafemi Awolowo University,em Ile-Ife, na Nigéria, reunindo as intelectuais Conceição Evaristo e Sueli Carneiro, que participarão de uma palestra ao lado de importantes representantes e acadêmicos nigerianos. Este encontro enriquecerá o debate sobre identidade, ancestralidade e emancipação negra, fortalecendo os laços culturais e intelectuais entre Brasil e África.

A produção

Com orçamento de R$ 3,5 milhões, o documentário é uma produção da Acarajé Filmes, coprodução da Mulungu Realizações Culturais e produção associada de Cristina Naumovs e do escritor Laurentino Gomes. A obra conta com o patrocínio do Nubank, apoio da Smiles e apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia, e do Fundo Setorial Audiovisual, através do edital de Arranjos Regionais.

Com o objetivo reconstituir as rotas históricas do tráfico transatlântico de escravizados, enquanto ressignifica as narrativas das mulheres negras no presente, o filme tem início no Brasil e parte rumo à África do Oeste, antigo Reino do Daomé, a famosa Costa do Ouro, fazendo um percurso que a Unesco instituiu nos anos 1980 como “Slave Routes” ou “Rotas dos Escravos” nos países Nigéria, Benin, Senegal e Cabo Verde. Portos onde o sistema escravagista há 300 anos atrás fez embarcar, nos Negreiros, cargas humanas que forçadamente construíram o que hoje chamamos de América. Para um corpo negro esta era uma “viagem sem volta”.

“Mulheres Negras em Rotas de Liberdade” participou dos maiores festivais de documentário do Brasil, sendo destaques nos principais eventos de apresentação de projetos no país: Minas Max, Nordeste Lab, FAM, CinePitching, e vencedor dos laboratórios do NordesteLab, DocSP. Internacionalmente, foi finalista do fundo Gotemburgo, participou do Sunny Side of docs 2021 e do laboratório Afrolatam, no Miradas Doc.

Com o aporte financeiro do Fundo Setorial do Audiovisual (Ancine), Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e patrocínio do Nubank, a obra, segundo longa documental de Urânia Munzanzu (“Merê”, 2017), promete ser uma poderosa reflexão sobre liberdade, pertencimento e a construção de um futuro pautado na memória e na conexão com as raízes africanas.

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Geledés Instituto da Mulher Negra
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