“Queria ser a Luedji dos meus pais, do projeto político, mas a Luedji mesmo é cantora e compositora”

A cantora baiana prepara-se para sua primeira turnê internacional. “Quero ser história para que, no futuro, quando se pense MPB, para além de de Elis Regina, se pense também em Luedji Luna, Xênia França”

Por Joana Oliveira, Do El País

Luedji Luna, mulher negra, sentada vestindo um vestido branco.
Luedji Luna, durante a entrevista. (Foto: LELA BELTRÃO/ El País)

Luedji Luna se conjuga no gerúndio. A cantora baiana, natural de Salvador, está sempre fazendo, produzindo, escrevendo, sentindo, pensando. Principalmente desde 2015, quando mudou-se para São Paulo “sem olhar para trás” para viver de música. Um ano depois, gravou o primeiro clipe, Um Corpo no Mundo, cantando sobre ancestralidade, destino e racismo, que viralizou e gerou o disco homônimo, o seu primeiro. Hoje, Luedji está mais no mundo do que nunca. Ela acaba de lançar um EP com remixes de suas canções, com participação de grandes nomes do rap e prepara-se para a primeira turnê internacional, em julho, passando por África, América do Norte e Europa. Aos 31 anos, diz: “Eu queria parar nos 30, já vou fazer 32. Vou começar a dizer várias idades para despistar. Eu me sinto com cem anos, meu cansaço é de cem anos. Sempre me senti com um espírito velho, mas hoje me sinto velha, cansada, apesar de ter muita energia também”, solta ela, antes de começar a entrevista, no estúdio da Vila Madalena, em São Paulo, onde gravou o EP.

Luedji tem nome de rainha —a primeira rainha africana da etnia Lunda, do início do século XVII— porque seus pais, ambos funcionários públicos, sempre foram militantes do movimento negro. Essa militância é um dos elementos que perpassam seu trabalho. O outro é a baianidade, que também fica clara no sotaque das longas respostas que dá —apesar de estar em São Paulo há tempo suficiente para usar artigos antes dos nomes próprios— antecipando perguntas ainda por fazer e, por vezes, perdendo-se em elucubrações. “Nascer” é um dos verbos que mais conjuga, talvez pela vontade crescente de ser mãe, algo que ela compartilha nesta entrevista em que também fala de pertencimento e não pertencimento, identidade e amor.

Leia a matéria completa em El País

 

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