Rosa Parks

FONTEda Folha de S. Paulo
(Foto: Don Cravens/The LIFE Images Collection via Getty Images/Getty Images)

O marco inicial deste movimento se deu no sul eminentemente racista do país, na cidade de Montgomery, estado do Alabama, em 1 de dezembro de 1955, quando a costureira negra Rosa Parks ( “A Mãe dos Direitos Civis”) entrou num ônibus de volta para casa após um dia de trabalho e, estafada, sentou-se nos bancos da frente do ônibus, local proibido aos negros pelas leis segregacionistas do estado. Intimada a dar seu lugar a um passageiro branco e sentar no fundo do veículo, recusou-se, depois de uma vida inteira de submissão, e foi presa, julgada e condenada. Seu ato e sua prisão deflagraram uma onda de manifestações de apoio e revolta, além do boicote da população aos transportes urbanos, dando início, de forma prática, à luta da sociedade negra por igualdade com a sociedade branca perante as leis americanas.

Convocado pela liderança negra da cidade e com o apoio de diversos brancos, o boicote aos transportes públicos durou 382 dias, quase levando à falência o sistema urbano de transportes (a maioria dos passageiros era de negros pobres) e acabando somente quando a legislação que separava brancos e negros nos ônibus de Montgomery foi extinta.

Pioneira pela igualdade dos direitos civis nos EUA morre em Detroit

A costureira norte-americana Rosa Parks, considerada uma das principais responsáveis pelo movimento pela igualdade pelos direitos civis nos Estados Unidos, morreu na noite desta segunda-feira, em Detroit, aos 92 anos, por causas naturais. Ela morreu cercada por amigos, segundo Gregory Reed, seu advogado nos últimos 15 anos.

Há cinqüenta anos, Parks ficou famosa e ganhou o título de “mãe do movimento pelos direitos civis” ao se negar a ceder seu lugar para um passageiro branco em um ônibus em Montgomery, no Estado do Alabama. Na época, leis de segregação racial eram permitidas nos Estados Unidos. Era permitido, por exemplo, a separação entre negros e brancos em transportes e acomodações públicas ou restaurantes.

Ao recusar a ordem do passageiro branco, apesar das leis que a obrigavam a ceder sua vaga, Parks foi presa e multada, o que provocou a reação da comunidade negra local.

Durante uma entrevista em 1992, Parks tentou explicar seu ato: “Meus pés estavam doendo, e eu não sei bem a causa pela qual me recusei a levantar. Mas creio que a verdadeira razão foi que eu senti que tinha o direito de ser tratada de forma igual a qualquer outro passageiro. Nós já havíamos suportado aquele tipo de tratamento durante muito tempo”.

Sua prisão provocou um boicote de 381 dias contra as companhias de ônibus locais, liderado por um então desconhecido pastor, o Reverendo Martin Luther King, que nos anos seguintes liderou o movimento pela igualdade de direitos civis.

O boicote, que ocorreu um ano depois do fim da segregação racial em escolas, marcou o início do movimento pela igualdade dos direitos civis, e que atingiu o auge em 1964, com a Lei Federal dos Direitos Civis, que baniu discriminação racial em todos os estabelecimentos públicos.

Em 1965, os 500 participantes de uma marcha pacífica rumo a Montgomery foram bombardeados com gás lacrimogêneo e depois violentamente espancados pela polícia.

Três semanas depois, Luther King conseguiu juntar 25 mil pessoas em uma nova marcha rumo à capital do Estado, pedindo o direito ao voto. Quatro meses depois, o presidente Lyndon Johnson assinou uma lei garantindo que os negros não fossem impedidos de se inscrever nas listas eleitorais.

Mudanças

Após ser solta, Parks teve dificuldade para encontrar trabalho no Alabama, e se mudou para Detroit em 1957, onde se tornou uma figura reverenciada pela população local.

Em 1999, durante o governo do democrata Bill Clinton, ela recebeu a Medalha de Ouro do Congresso, considerada a maior homenagem oficial do governo dos EUA concedida a civis, entre outras diversas honrarias.

O Museu Rosa Parks, inaugurado em novembro de 2000, lembra a briga desta mulher, com atrações como o ônibus de assentos “reservados para brancos” na parte central. Os visitantes também podem assistir a filmes que contam como era a vida dos negros na época da segregação racial.

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