Caster Semenya deixa preconceito e rivais para trás e conquista ouro nos 800m

Depois de ter de passar por testes para comprovar ser mulher em 2009, sul-africana coroa carreira com primeiro título olímpico, com tempo de 1m55s28 e recorde

Por Edgard Maciel de Sá, Fabrício Marques, Helena Rebello e Marcos Guerra no O Globo

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Caster Semenya se destaca no pelotão da final dos 800m rasos. Não por causa do seu corpo musculoso, e sim por ser inalcançável. Neste sábado, a sul-africana, que sofreu com acusações de ser homem, virou de vez a página dos questionamentos e conquistou o ouro na Olimpíada do Rio de Janeiro. Com o tempo de 1m55s28, ela quebrou o recorde de seu país e superou com sobras Francine Niyonsaba, de Burundi (1m56s49). A queniana Margaret Wambui completou o pódio (1m56s89).

– O sonho se tornou realidade. Eu dediquei minha vida a isso. Sabia o que eu queria. Depois de trabalhar duro, você ganha a medalha. É tudo foco e saber o que você faz. Estou voando. Me fez sentir orgulho de ser sul-africana. Quero agradecer ao meu técnico, à minha esposa em casa e à minha família. Dedico isso a eles – afirmou Semenya, que desde o ano passado é casada com Violet Raseboya.

Semenya tem hiperandrogenismo, um distúrbio endócrino que a faz naturalmente produzir mais testosterona do que o normal para uma mulher. Ela não tem alguns órgãos reprodutores femininos, mas sempre aceitou a forma como veio ao mundo. Em 2009, depois de seu primeiro título mundial, o preconceito a fez ser vítima de questionamentos sobre seu gênero. Após longa polêmica, testes comprovaram a feminilidade da sul-africana.

Livre para competir, Semeya disputou os Jogos de Londres 2012 e ficou com a prata. Ela só foi superada pela russa Mariya Sevinova. A campeã, porém, tem grandes chances de perder o título. Ela foi uma das primeiras acusadas de participar do escândalo de doping da Rússia. O Comitê Olímpico Internacional ainda não confirmou o doping de Savinova e nem retirou o ouro da russa para dar para Semenya.

Caster Semenya– Não senti pressão por ser a número 1, me fez relaxar. O que tinha de fazer era acreditar que posso ser quem eu sou, ser a melhor sul-africana. É tudo trabalho duro. Acho que não teve diferença por não ter russas. É uma competição, não importa que não estava aqui. É ser competitiva e dar o seu melhor – disse a atleta.

Sem as russas para rivalizar, a sul-africana chegou ao Rio de Janeiro como favorita e confirmou o posto de número 1 com a vitória deste sábado. Francine ainda tentou uma arrancada a 300m para a chegada, mas Semenya recuperou a ponta a 150m do fim e dominou a prova.

– A corrida foi um pouco rápida. Nós nos forçamos nos primeiros 400m. Meu técnico me falou para ser paciente e esperar o momento certo. Sabemos que sou veloz nos 200m finais, apenas tínhamos de usar isso. Eu dedico essa vitória ao meu time. É um sentimento incrível. É fantástico. Eu não podia acreditar – disse Semenya.

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Um dilema chamado Caster Semenya

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