Justiça decreta prisão preventiva de seguranças acusados de tortura a jovem

A Justiça de São Paulo decretou hoje a prisão preventiva dos dois seguranças suspeitos de terem torturado um jovem de 17 anos, suspeito de tentar furtar barras de chocolate de um mercado da zona sul da capital paulista no mês passado.

Por Alex Tajra e Luís Adorno, do UOL

Foto: Reprodução/Yelp

Os seguranças David de Oliveira Fernandes, 37, e Valdir Bispo dos Santos, 49, já estavam detidos por conta desse caso no Segundo Distrito Policial, no Bom Retiro. A prisão, até então, valia por 30 dias. Agora, não tem mais prazo. Ficarão presos pelo menos até serem julgados, caso não sejam beneficiados com um habeas corpus.

Ainda hoje, eles serão submetidos a exame de corpo de delito e levados a um presídio ainda não definido. Em depoimento prestado à polícia após a prisão, Santos disse que falaria apenas em juízo. Já Fernandes disse, num primeiro momento, que havia filmado a tortura; depois, recuou e mudou seu depoimento.

A tortura a que o jovem foi submetido teria sido gravada por um celular de um dos seguranças. As imagens do jovem sendo chicoteado repercutiram nas redes sociais. Com problemas ligados ao consumo de crack, o jovem foi acolhido em um abrigo da prefeitura da capital.

Na delegacia, o jovem reconheceu os dois seguranças como autores da tortura. Ele informou que Santos foi o agressor, e Fernandes, o responsável pela gravação.

À polícia, Fernandes disse que pediu para o jovem levantar a camiseta e constatou que havia entre 10 e 12 barras de chocolate escondidas. Depois, disse que chamou Santos e falou para ele levar o menino na “sala da FLV”.

Segundo o segurança, o local é um depósito onde são guardadas frutas, verduras e legumes. Após chamar o colega, o funcionário afirmou que não viu nenhuma agressão e que o jovem estava “sob posse de Santos [o outro segurança suspeito de tortura]”.

O celular do segurança foi apreendido pela polícia para análise, e os investigadores aguardam o resultado da perícia no aparelho e do laudo de lesão corporal sobre as agressões.

O delegado Pedro Luis de Souza, responsável pelo caso, e a Polícia Civil de São Paulo afirmaram à reportagem que não poderiam comentar o caso, pois, por envolver um menor, o processo corre em segredo de Justiça.

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