No Brasil, a cor do meu filho faz com que mudem de calçada: Taís Araújo

Atriz participou de encontro do TEDxSãoPaulo que teve como tema Mulheres que Inspiram

no EXTRA

O discurso da atriz Taís Araújo durante um evento sobre “Mulheres que Inspiram” em São Paulo, no início deste mês, vem causando comoção entre internautas desde que foi disponibilizado nas redes sociais na última terça-feira. Ao falar, como mãe, sobre as diferenças entre criar um menino e uma menina, ambos negros, em uma sociedade cujo preconceito ainda persiste.

“Quando eu engravidei do meu filho, eu fiquei muito, mas muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de passar por situações vivenciadas por nós mulheres. Teoricamente, ele está livre. Mas meu filho é um menino negro e liberdade não é um direito que ele vai poder usufruir. Se ele andar pelas ruas descalço, sem camisa, sujo, saindo da aula de futebol, ele corre o risco de ser apontado como um infrator, mesmo aos 6 anos de idade”, declarou Taís, em sua apresentação no TEDxSãoPaulo.

Ela aponta que os problemas encontrados por negros, como seu filho, se acentuam quando o indivíduo tem ainda o peso da questão de gênero:

“No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem seus carros. A vida dele só não vai ser mais difícil do que a da minha filha”, frisou a atriz.

Em seguida, ela mencionou estatísticas sobe o número de casos de feminicídios contra mulheres negras.

“Temos algumas vitórias, muito poucas, mas queria ressaltar uma: o número de feminicídios contra mulheres brancas caiu 9,8%. É muito pouco para o que a gente deseja para nossas irmãs brancas, mas caiu. Já o número de feminicídios contra mulheres negras aumentou 54,8%. É ou não pra ficar apavorada?”,

questionou ao público.

Mesmo diante dos argumentos, Taís afirma que tem esperança de encontrar um meio de continuar a criar bem seus filhos no Brasil e que, diariamente, se pergunsta sobre “como criar crianças doces num país tão ácido”, mas também “como não permitir que elas enfrentem o mundo de maneira ingênua, para que não sejam atropeladas pelo racismo que existe no país”.

Além do preconceito racial, seu discurso também passou por questões como a violência sobre homossexuais, desigualdade entre gêneros no ambiente de trabalho e desrespeito aos direitos indígenas. Ao final, Taís convoca os ouvintes a “olhar o outro com humanidade, afeto e atenção”.

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