No Dia Internacional da Mulher, minha homenagem é admitir meu machismo

Hoje muitos de nós homens prestaremos homenagens pelo Dia Internacional da Mulher. Iremos compartilhar imagens ou gifs no Facebook, postaremos letras de músicas e mandaremos mensagens às amigas, familiares e parceiras. Alguns levarão flores para a firma ou um bolo de chocolate para o lanche da tarde.

Por Marcos Sacramento, do DCM

Porém, a melhor reverência que um homem pode prestar às mulheres é admitir o próprio machismo e tomar atitudes para desconstruí-lo.

Não, caro amigo, não adianta argumentar que você não é machista. Todos somos, de alguma forma. O que muda é a intensidade do preconceito.

A notícia boa é que com algum esforço podemos melhorar. Para isso, precisamos entender e aceitar que a cantada de rua não é elogio. Uma pesquisa revelou que 83% das mulheres não gostam delas e sentem medo quando ouvem palavras de assédio disfarçadas de galanteios.

Para desconstruir o machismo, é preciso que os homens entendam que nenhuma mulher é morta ou estuprada por causa da roupa que veste. Pensar assim é culpar a vítima, diminuindo, de certa forma, a responsabilidade do agressor frente à esta prática horrenda.

Da mesma forma, precisamos aceitar que as turistas argentinas Marina Menegazzo e María José Coni, assassinadas no mês passado no Equador, não morreram por viajarem sozinhas, e sim porque as mentes perversas de alguns de nós, combinadas com o machismo que carregamos desde a infância, fazem das mulheres alvo da violência.

Não adianta dar flores e distribuir abraços carinhosos no dia 08 de Março se torcemos o nariz para o direito à mulher abortar.  De que vale postar poeminhas em homenagem às mulheres se acharmos normal um homem ter um filho e limitar sua responsabilidade na criação da criança ao pagamento da pensão alimentícia?

Só no Brasil, a cada uma hora e meia uma mulher é morta por um homem. É um número absurdo. Por mais que as feministas façam campanhas, protestos, escrevam artigos e eduquem outras mulheres, esse índice não cairá se os homens não mudarem suas atitudes e ideias em relação ao sexo feminino.

A chave para essa mudança é buscar a desconstrução dos conceitos machistas que carregamos e se informar sobre as demandas feministas. Dá para fazer isso pesquisando na internet ou mesmo conversando com uma amiga ou colega de trabalho.

Começar a destruir o nosso machismo hoje, no Dia Internacional da Mulher, não rende curtidas como as postagens fofas no Facebook. Mas no futuro pode dar bons resultados.

+ sobre o tema

Feminismo, Militância e Autocuidado

A nós mulheres foi delegado o cuidado. O cuidado...

SPM e Seppir entregam Prêmio Mulheres Negras Contam Sua História

Dez mulheres negras serão agraciadas com prêmios em dinheiro,...

Eu não devia precisar de uma desculpa para ser virgem

Texto de Shae Collins. Tradução de Bia Cardoso. Publicado...

para lembrar

Pesquisa revela que dois terços dos brasileiros viram uma mulher ser agredida

Pelo menos dois a cada três brasileiros já presenciaram...

Até quando haverá racismo contra as mulheres negras em Portugal?

Na Amadora, uma mulher/mãe/vítima negra foi algemada, sofrendo, sangrando,...

Biblioteca tem programação especial para celebrar Dia Internacional da Mulher

Biblioteca tem programação especial para celebrar Dia Internacional da...
spot_imgspot_img

Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexo, lançam Comitê Impulsor Nacional para a Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

Durante a abertura da 12ª edição do SENALESBI – Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais, que acontece de 16 a 18 de maio em...

No DR com Demori, Cida Bento debate a desigualdade racial no Brasil

O programa DR com Demori, da TV Brasil, recebe nesta terça-feira (13) a psicóloga e escritora Cida Bento, que já figurou entre as 50...

Esperança Garcia: quem foi a escravizada considerada a 1ª advogada do Brasil

Acredita-se que Esperança Garcia, uma escravizada que vivia em fazenda localizada a 300 quilômetros de onde hoje é Teresina, no Piauí, tivesse apenas 19 anos quando escreveu...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.