Por que devemos ler livros infantojuvenis que contemplam as Leis federais 10.639/2003 e 11.645/2008 para as nossas crianças?

Certa vez, ouvi um conhecido de militância negra dizer que não fazia questão de ler para os filhos apenas livros infanto-juvenil com temáticas negras. De acordo com este colega, para os filhos dele seria lido todo tipo de livro. Ao ouvir este comentário fiquei reflexiva, o meu colega não é docente em escola pública, atualmente é professor universitário na área de Ciência Política em uma universidade federal. Ele não pesquisa educação e creio que não tenha dimensão de como funcionam muitas escolas públicas. Eu, na época respondi em pensamento: ué dentro da escola será difícil ter acesso a livros com personagens negros ou em que a legislação federal de história e cultura africana e afro-brasileira (Lei 10.639/2003) esteja contemplada.

Os anos passarão, este fato ocorreu em 2008 e já estamos em 2021. Eu me formei em 2010 no bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais pela UERJ e no ano de 2014 em Biblioteconomia e Documentação pela UFF. Entrei no mestrado de Relações Étnico-raciais do CEFET em 2011, me tornei mãe da Camilly Bento (a Dofonitinha de Omolu do Ilê Axé Ialodê Oxum Karê Ade Omi Arô) em 2012 e no ano de 2013 assumi o cargo de professora regente de Sociologia do Ensino Médio na Educação Básica.

Conforme acompanhava o crescimento de Camilly, notava a dificuldade de encontrar livros para bebês com personagens negros e negras, aliás há livros de banho (aqueles livros que suportam mordidas e puxões de crianças) com personagens negros ou que tratem das cosmovisões de mundo iorubá, banto ou jejê da qual sou crente? Creio que não. Pelo menos, nestes anos em que sou mãe e compradora assídua de livros infantis o que posso percebe é que ainda há escassez de livros de pano e banho com personagens negros (as). No entanto, eu não quero tratar apenas da carência de livros de banho e pano com a temática dos Orixás, Voduns e Nkisis e personagens negros, negras e indígenas. Voltando a afirmação do meu amigo e pensando os sete anos que atuo no magistério o que pretendo chamar atenção aqui é para a adoção dentro de nossos lares de livros com tais temáticas. É repetitivo o que vou dizer, mas, a educação é responsabilidade da família também e não pense que você enquanto pai, mãe, avó, avô, tio, tia, prima, primo e irmãos de terreiros que a família não deve ser responsável pela construção do acervo intelectual da criança. A família auxilia no processo de formação de leitura. E quando falo família compreendo os laços familiares construídos em espaços civilizatórios negro-africanos que forjamos no contexto diaspórico brasileiro: Terreiros, Escolas de Samba, Grupo de Capoeira, Jongo, Maracatu, Movimentos Negros dentre outros.

Sabemos que no Brasil existe uma recusa de muitas instituições educacionais em abrirem seus currículos e Projetos Políticos Pedagógicos/ PPP para que as Leis Federais 10.639/2003 de História e Cultura Africana e Afro-brasileira na Educação Básica e 11.645/2008 de História e Cultura Indígena na Educação Básica sejam efetivadas. E a recusa (ou desafio como preferem alguns pesquisadores) ocorre devido à colonialidade, o mito da democracia racial e ao racismo epistêmico (SANTOS; FRANCISCO, 2018). Estes conceitos que têm sido frequentemente debatidos nos âmbitos acadêmicos como presentes na estrutura da sociedade são o que impedem/interferem na aplicação das Leis federais dentro das escolas. Sendo assim, como contar com as escolas para que nossos filhos tenham acesso as histórias, processos lúdicos que envolvem a projeção de culturas afrodiaspóricas, africanas, nativo-brasileiras e de sujeitos negros, negras e indígenas. Alguns dirão que precisamos exigir das escolas essas inclusões, mas, se a educação é um processo conjunto da sociedade, família e a escola, penso que deveríamos dentro de casa reforçar essas imagens e discursos afirmativos que as Leis Federais pautam. É evidente que não podemos esquecer de toda luta política dos movimentos negros e indígenas para que essas Leis entrassem em vigor nos ambientes educacionais formais. Contudo, pergunto se não formamos nossos filhos com essas literaturas, se não incentivamos dentro do espaço da casa que deve ser o espaço do afeto, da intimidade, este mundo privado onde muitas vezes expomos nossas opiniões de maneira menos contida, em que espaço faremos este processo?

Esperar da escola com professores e professoras precarizadas, sem tempo e sem incentivo financeiro para formação continuada e embebidos/as muitas vezes pelo mito da democracia racial, colonialidade e racismo não seria uma ilusão? Sim, como docente e cidadã afirmo todos devemos lutar pela educação das relações étnico-raciais, por uma escola antirracista e pela implementação das legislações outrora citadas. No entanto, questiono enquanto não alcançamos este modelo de escola intercultural, mais diversa e democrática o que fazemos com nossos filhos e filhas, nossas crianças, em crescimento e com suas formações de leitura, escrita e senso imaginativo? Crianças que acessam canais de TV, canais de Youtube com influencer digitais brancos, de classe média e com valores individualistas e atravessados pela lógica judaico-cristã ocidental. Vamos esperar destes indivíduos esta formação, vamos esperar de educadores e meios de comunicação que não veem problemas em ler as histórias de Monteiro Lobato e outros autores racistas para os pequenos ou faremos o trabalho dentro de nossos lares e grupos de sociabilidade?

O que eu tenho feito

Diante deste quadro o que tenho feito e acentuei no período pandêmico é reforçar a adoção dessas literaturas emergentes com nossos saberes ausentes (GOMES, 2017). Meus primeiros passos para formação de um acervo infantil com a prevalecência de temáticas de natureza ancestral africana e indígena foi a busca incessante em feiras de livros e sites de venda.

Quando a Camilly tinha 10 meses passei a ler os famosos e afetivos livros de banho e sempre que chegava da rua fazia um clima de surpresa e mostrava que a presentei com um livro. Os livros eram lidos durante o banho e em outros momentos. Conforme Camilly crescia, passei a procurar livros com as temáticas negras e de Orixás. Durante muito tempo não encontrei com facilidade estes livros. Nas feiras de livros da escola, shopping e parques levava horas vasculhando as bancas na procura de livros que mostrassem pessoas negras. Um dos primeiros livros que encontrei foi: Mel e seus amigos no Jardim da vovó da APED Editora de 2012, autora Andreia Aparecida Coelho Granado. Adquiri na hora. Posteriormente, encontrei numa exposição dentro do Shopping Alcântara o livro “A princesa e o sapo” produzido e publicado pela Babel em 2011. Apesar da problemática racial presente no livro o comprei com a ansiedade de ter um acervo mais diverso. Todas as vezes que encontrei livros com temáticas negras e indígenas, assim como bonecas negras comprei no mesmo instante para minha filha. O livro Mel foi comprado quando Camilly tinha 4 anos e meio de idade e a Princesa e o Sapo adquiri quando ela tinha 5 anos de idade. Até aquele momento, a maioria dos livros que possuíamos eram das temáticas de animais e números.

Na escola as histórias contadas priorizavam personagens brancos, princesas brancas, louras, vulneráveis e ingênuas a espera de seus príncipes, com valores de família, religião e sociedade no modelo ocidental. Personagens negros, negras, Deidades Africanos nunca apareciam e os indígenas eram apresentados pela lógica do apagamento histórico e político de suas presenças no Brasil atual. Famílias diversas, filhas e filhos adotivos, protagonismo feminino ou outros temas relevantes também não constavam na contação de história. Por diversas vezes questionei nos cadernos e perguntei a diretora e coordenadora da escola como estava sendo aplicada as legislações federais 10.639/2003 e 11.645/2008. A resposta era dada dentro de um contexto de explícita recusa destas profissionais “Na educação infantil trabalhamos com ludicidade, portanto, mãe as crianças não veem estes temas diretamente porque precisamos ser lúdicos”.

Cansada de ouvir durante três anos estas justificativas e notar que conforme Camilly avançava no ciclo escolar as legislações não eram efetivadas naquela escola particular, passei a realizar com Camilly as atividades escolares sempre priorizando as pesquisas com informações sobre profissionais e intelectuais negros/ as e histórias de vida de pessoas negras e africanas. Além disso, enviava livros para serem lidos na hora da história. Obtive muitos livros com as temáticas de história e cultura africana e afro-brasileira nas minhas participações em eventos acadêmicos ou então ganhava de amigos e da madrinha e padrinho de Camilly. Dessa maneira, antes da pandemia de coronavírus de 2020 tínhamos as seguintes obras relacionadas:

• A preferida do rei. Recontado por Toni Brandão, desenho de Eduardo Engel, Melhoramentos, 2009. Comprado no Sebo na cidade de Niterói em 2013.
• Minha mãe é negra sim! Autora: Patrícia Santana, ilustrações de Hyvanildo Leite, Mazza, 2008. Comprado no I Seminário internacional Áfricas/UERJ no ano de 2017
• Meninas negras. Autora: Madu Costa, desenho de Rubem Filho Editora Mazza, 2010. Comprado no I Seminário internacional Áfricas/UERJ no ano de 2017.
• Mel e seus amigos na noite de verão. Autora Andréa Aparecida Coelho Granado. APED Editora, 2012. Adquirido em 2017 na feira da escola.
• Nana e Nilo: que jogo é esse? Autor: Renato Nogueira, ilustrações de Sandro Lopes, 2012. Presente dado pelo Ogan Sérgio Lima do Ilê Axé Ialodê Oxum Karê Ade Omi Arô (nossa casa de santo) em 2014
• Oxalufã. Autoria e ilustrações: Edsoleda Santos e Renato Silveira, Editora Solisluna, 2015. Presente dado em 2014 pelo Ogan Sérgio Lima do Ilê Axé ialodê Oxum Karê Ade Omi Arô
• Obaluaê: Atotô! Autoria e ilustrações: Edsoleda Santos, Editora Solisluna, 2015. Presente dado pela madrinha Ana Luiza Monteiro, Nalui Mahin, em 2018
• Iemanjá: Odò-Iya! Autoria e ilustrações: Edsoleda Santos, Editora Solisluna, publicado em 2015. Presente da madrinha Ana Luiza Monteiro, Nalui Mahin, em 2018
• Axé, cores do Brasil, livro de colorir. Autoria e ilustrações: Rafael Nobre, 2015. Presente dado pelo padrinho Diogo Marçal Cirqueira em 2017
• Rapunzel e o Quibungo. Adaptação de Cristina Agostinho e Ronaldo Simões Coelho, ilustrações de Walter Lara, Mazza, 2012. Comprado no X Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros e Negras/COPENE, Uberlândia-MG, em 2018
• A menina Akili e seu Tambor falante. Autora: Verônica Bonfim, ilustração de Luciano Lima, Editora Nandyala, 2016. Brinde recebido pela participação no X COPENE, Uberlândia-MG, em 2018
• Meu Crespo é de rainha. Autora: bell hooks, ilustrações Chris Raschka, Editora Boitatá, publicado em 2018. Presente dado em 2019 pela minha aluna Yasmin de Oxum
• Onde está você, Iemanjá? Autor: Leny Werneck, ilustrações de Philippe Davaine, editora Galerinha Record, 2011. Comprado na livraria da Travessa no CCBB-Rio em 2019
• Crespim. Autora: Jussara Santos, ilustrações de Vivien Gonzaga, Mazza, 2013. Comprado no I Encontro Nacional de Bibliotecárias Negras/os e Antirracistas, Florianopólis-SC, em 2019
• Calu: uma menina cheia de histórias. Autoras: Cássia Valle e Luciana Palmeira, ilustrações de Maria Chantal, Malê mirim, 2017. Comprado no I Encontro Nacional de Bibliotecárias Negras/os e Antirracistas, Florianopólis-SC, em 2019
• Livro de história de grandes mulheres para crianças. Autoras: Jéssica Montuano produção independente, ano de 2018.

Durante a Pandemia

Com o isolamento social o tempo ficou um pouco mais flexível apesar do trabalho em casa da docência. Senti necessidade de pesquisar mais sites de livros. Também encontrei obras infantis em PDF disponíveis na rede. Algumas obras em PDF foram enviadas por mães negras pertencentes ao grupo Nossas Crias Pretas. Grupo com foco em reunir crianças e mães negras para compartilhar informações, fazer passeios e ter reflexões de como criar crianças negras de maneira saudável em sociedade racista como a brasileira.
Ao longo do ano de 2020, o acervo infantil doméstico de Camilly ganhou cerca de 51 livros físicos. Todos os títulos foram exaustivamente pesquisados. Para a pesquisa li resumos, acompanhei dicas de pais e mães que os adquiriram, segui contadoras de história como a mestra em educação Juliana Correia do Projeto Baobazinho com a série Folhagem na rede social Instagram e assisti vídeos no Youtube que contavam as histórias destes livros, além de seguir páginas de livrarias negras, como Nombeko e Timbuktu . Na medida que gostava dos livros e via os interesses que despertavam em Camilly, passei a divulgá-los nas minhas redes sociais do Facebook e Instagram. A própria Camilly (Dofonitinha de Omolu) fez dois vídeos falando porquê gostava e recomendava dois títulos.
Neste período, privilegiei títulos que trabalhassem a afirmação do corpo e cabelo negro, o racismo religioso e epistêmico, Religiões de Matrizes Africanas, África e africanidades, protagonismo negro, as manifestações culturais afro-brasileiras e a presença indígena. Além destes temas, procuramos inserir títulos debatendo as questões de direitos das mulheres e explicações sobre modelo econômico e político da nossa sociedade. Entretanto, neste texto apresentarei somente os que têm conteúdo em consonância com as Leis federais:

Cabelo e corpo negro

Betina. Autoria: Nilma Lino Gomes, ilustrações de Denise Nascimento, Mazza, 2009
O mundo começa na cabeça. Autoria: Prisca Agustoni, ilustrações Tati Móes, Paulinas, 2011
Amoras. Autor: Emicida, ilustrações Aldo Fabrini, Companhia das Letrinhas, 2018
Que cor é minha cor? Autoria Martha Rodrigues, desenhos Rubem Filho, 2005
O mundo no Black Power de Tayó. Autoria: Kiusam de Oliveira, ilustrações de Taisa Borges, Peirópolis, 2013
O cabelo de Cora. Autora: Ana Zarco Câmara, ilustrações Taline Schubach, Pallas, 2013
Amor de cabelo. Autor: Matthew A. Crerry, ilustrações Vashti Harrison, tradução Nina Rizzi, Galerinha Record, 2020
Mapas, traçados e tranças: a sabedoria de um povo chamado nagô. Autora: Cristiane Saldanha, EDUFBA, 2019;
As tranças de minha mãe. Autora: Ana Fátima, ilustrações Quézia Silveira, Uirapuru, 2017.

Religiões de Matrizes Africanas

Lendas de Exu. Autor: Adilson Martins, Pallas, 2011.
Aguemon. Autoria e ilustrações: Carolina Rocha, Martins Fontes, 2002
Oxumarê: o arco-íris. Autor: Reginaldo Prandi, ilustrações Pedro Rafael, Companhia das Letrinhas, 2011
Ifá, o adivinho. Autor: Reginaldo Prandi, ilustrações Pedro Rafael, Companhia das Letrinhas, 2002
Ogun Igbo Igbo. Autoria e ilustrações: Carolina Cunha, SM ed., 2014
Yemanjá. Autoria e ilustrações: Carolina Cunha, SM ed., 2007
• Criador do mundo (Coleção Lendas e Deuses da África). Autor: Maurício Pestana, ilustrações Vanessa Alexandre, Nova Fronteira, 2017
Menino Arco-íris (Coleção Lendas e Deuses da África). Autor: Maurício Pestana, ilustrações Vanessa Alexandre, Nova Fronteira, 2017
Grande Caçador (Coleção Lendas e Deuses da África). Autor: Maurício Pestana, ilustrações Vanessa Alexandre, Nova Fronteira, 2017
Adorável menina (Coleção Lendas e Deuses da África). Autor: Maurício Pestana, ilustrações Vanessa Alexandre, Nova Fronteira, 2017
• Aquele que reverencia os mais velhos (Coleção Lendas e Deuses da África). Autor: Maurício Pestana, ilustrações Vanessa Alexandre, Nova Fronteira, 2017
A menina que ajudou a criar o mundo (Coleção Lendas e Deuses da África). Autor: Maurício Pestana, ilustrações Vanessa Alexandre, Nova Fronteira, 2017
Oxum: Ore Yèyéo!!! Autoria e ilustrações: Edsoleda Santos, Editora Solisluna, publicado em 2011
O mar que banha a Ilha de Goré. Autoria: Kiusam de Oliveira, ilustrações Taisa Borges, Peirópolis, 2014
Princesa Obá: uma princesa diferente das outras. Autora: Adriana Rolin, ilustrações Lilian Amancai, Crianças Diversas, 2019

África e Africanidades no cotidiano

Os segredos das tranças e outras histórias africanas. Recontada por Rogério Andrade Barbosa, ilustrações de Thaís Linhares, Scipione, 2007
Ynari: a menina de cinco tranças. Autor: Onjaki, ilustrações Joana Lira, Companhia das Letrinhas, 2010
Bruna e a galinha de Angola. Autora: Gercilda de Almeida, ilustrações Valéria Saraiva, Pallas, 2012
Os nove Pentes D’ África. Autora: Cidinha Silva, ilustrações Iléa Ferraz, Mazza, 2009
kouma e o Tambor Falante. Autora Madu Costa, desenhos de Rubem Filho, Mazza, 2009
Falando Banto. Autor: Eneida D. Gaspar, ilustrações Victor Tavares, Pallas, 2019
Kuami. Autora: Cidinha da Silva, ilustrações Annie Ganzala, Pólen, 2019
No tronco de Iroko vi a Iuná cantar. Autora: Erika Balbino, ilustrações de Alexandre Keto, Peirópolis, 2014

História e Cultura Indígena

Flor da Mata. Autora: Graça Graúna, ilustrações Carmen Barbi, Peninha Edições, 2014
História de índio. Autor: Daniel Munduruku, ilustrações Laurabeatriz, Companhia das Letrinhas, 2015
Coisas de Índio. Autor: Daniel Munduruku, Callis ed., 2019

Manifestações Culturais Afro-brasileiras

Capoeira. Autoria: Sônia Rosa, ilustrações Rosinha Campos, Pallas, 2011
• Jongo. Autora: Sônia Rosa, ilustrações Rosinha Campos, Pallas, 2013
• Maracatu. Autoria: Sônia Rosa, ilustrações Rosinha Campos, Pallas, 2011
• Feijoada. Autoria: Sônia Rosa, ilustrações Rosinha Campos, Pallas, 2011

Protagonismo Negro

O Pequeno Príncipe Preto. Autor: Rodrigo França, ilustrações Juliana Barbosa Pereira, Editora Nova Fronteira, 2020
Luana, filha de Iansã. Autora Lia Zatz, ilustrações Alexandre Teles, Biruta, 2017
Lulu adora a biblioteca. Autora: Anna McQuinn, ilustrações Rosalind Beardshaw, Pallas, 2012
O menino que não nasceu da barriga da mãe. Autora: Carmem Lucia Eiterer, ilustrações Augusto F. Oliveira, Mazza, 2011.

Posso dizer que o acervo de Camilly, Iyawo de Omolu da Casa de Oxum, aumentou consideravelmente. Notei que em relação ao cabelo, ela passou a querer sempre solto e em formato black power. Também adotamos tranças e a mesma me solicitou que fizesse coquinhos (penteado afro). As histórias contadas toda noite e algumas vezes pela tarde foram lidas ao longo do ano de 2020. Algumas vezes resultaram em atividades escolares (aulas ministradas por mim e pelo pai) e em outras usadas para ela criar desenhos. Não sabemos o resultado final desse processo na vida adulta de Camilly. Afinal, ela só tem dez anos de idade. Mas, alimento a crença que a militância política deve ser feita dentro de casa com afeto, muita paixão e compromisso com nossa ancestralidade. Por fim, espero que este texto possa tecer outras práticas educativas.

Referências

GOMES, N.L.; JESUS, R. E. As práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva de Lei 10.639/2003: desafios para a política educacional e indagações para a pesquisa. Educar em Revista, n. 47, p. 19-33, 2013.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
NETO, A.S.A. Ensino de História Indígena: currículo, identidade e diferença. In: São Paulo, Unesp, v. 10, n. 2, p. 218-234, jul/dez., 2017.
OLIVEIRA, Luiz Fernandes. “A sala de aula é o último lugar onde ocorrerão mudanças” A Lei 11.645 suas implicações teóricas e práticas na recente produção acadêmica. In: MIRANDA, C. (Org.). Relações Étnico-raciais na escola: desafios teóricos e práticas pedagógicas após a Lei. 10.639/2003. Rio de Janeiro: Quarter/ FAPERJ, 2012.
SANTOS, Luane Bento dos; FRANCISCO, Mônica da Silva. A escola diante o desafio de educar para a diversidade étnico-racial. In: Anais do V Ceduce, Rio de Janeiro, 2018.

Sites e perfis de livrarias e contação de história consultados
https://www.instagram.com/baobazinho/
https://www.instagram.com/livrarianombeko/
https://www.instagram.com/livrariatimbuktu/
https://www.instagram.com/baobazinho/

 

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE. 

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