Lázaro Ramos fala sobre a família, racismo, carreira, tv, lançar livro e dirigir um filme

Foto: João Cotta

Prepare-se para ver Lázaro Ramos, 38, de volta à TV — e em dose dupla. O ator retorna com a nova temporada de Espelho (Canal Brasil), talk-show que apresenta há 12 anos e para o qual já realizou mais de 300 entrevistas, de Seu Jorge a Marília Gabriela, só para citar duas de suas preferidas. Nessa nova leva de episódios, recebe do ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, ao comediante Marcius Melhem. No dia 18 de abril, ele volta a encarnar o cantor emergente de Mister Brau (Globo), ao lado da mulher Taís Araújo, com quem também divide o palco na peça O Topo da Montanha. Calma que ainda tem mais: em junho, ele lança seu primeiro livro adulto, Na Minha Pele (Objetiva), que “fala sobre construção de identidade por meio de crônicas poéticas, biográficas e ficcionais”. Até o início do ano que vem, Lázaro começa a dirigir seu primeiro filme, uma tragicomédia sobre leis, define. A seguir, ele fala de vaidade a racismo — ainda que prefira o lugar de entrevistador ao de entrevistado, confessa.

por Bruna Bittencourt no Cosmopolitan

Vaidade

“Sou sedentário, não malho. Quando faço atividade física, é para algum personagem. Gosto de estar bem vestido, mas o problema é que não tenho um estilo. Uma amiga diz que não uso roupa, mas figurino. Cada look é um personagem diferente [risos]. Hoje, tenho ajuda do Fabricio [Miranda, personal stylist]. Sou vaidoso, vou na dermatologista, cada hora invento um cabelo diferente. Hoje em dia consigo assumir isso numa boa.”

Ator-mirim

“Era muito tímido no colégio, mas, quando fazia uma peça, me soltava. No Dia das Mães, era mais fácil ir para a frente de toda a escola e fazer um versinho falando sobre o amor de mãe do que dizer ‘eu te amo’ para ela. A minha maneira de comunicar era por meio de personagens. A filha da diretora da escola que eu estudava trabalhava na TV Itapoan, afiliada do SBT na Bahia na época. Ela me viu atuando e me levou para fazer alguns trabalhos na televisão. Foi assim que comecei em 1988. Sou um ator-mirim. Nos anos 80, cheguei a participar de concursos de lambada [risos].”

Patologia

“Tinha um colégio público em Salvador com ótimas aulas de teatro, mas só podia frequentar quem estudasse lá. Havia dois cursos: desenho industrial e patologia clínica. Como não sabia desenhar, falei que era apaixonado por patologia para poder estudar teatro, mas acabei exercendo a profissão por três anos, no interior da Bahia. Realizava exames de sangue e analisava no microscópio.”

Atuar

“É raro um ator com as minhas características ter oportunidades de viver personagens fora de estereótipos. O Foguinho [da novela Cobras & Lagartos] não foi escrito para mim, mas para o Matheus Nachtergaele. Quero poder experimentar coisas que não foram feitas para mim, isso me anima como ator. Às vezes, acho que não tenho mais o que interpretar e o personagem aparece, como o professor de violino do filme Tudo que Aprendemos Juntos. A idade está passando e vou começar a viver pai, avô…”

Racismo

“Não evito o tema, é importante falar. Não é um assunto só dos negros, as pessoas têm que estar juntas. No meu exercício como ator, entrevistador, escritor, sempre quero que mais pessoas escutem sobre o tema. Por isso, procuro falar de uma maneira acolhedora, mas têm textos e palestras minhas que não possuem esse tom. Às vezes, sou mais incisivo — em alguns momentos, isso é necessário. Uso todo o recurso — humor, piada, poesia. Queria ser a Shonda [Rhimes, roteirista de Grey’s Anatomy, Scandal e outros, que deu a atores negros papéis de protagonistas, sem estereótipos], é minha meta.”

Como trabalhar em casal

“Eu e a Taís aprendemos quando a gente tem que dar opinião ou não. Há horas que não tem que falar, mas dar abraço, apoio. E saber que tudo muda, a gente muda e por isso os contratos precisam ser refeitos. Não tem uma regra para o casamento funcionar, tem que estar sempre revendo. Isso é uma conquista e o que tem nos mantido há tanto tempo juntos e felizes. A gente ainda tem muito assunto, se fala o tempo todo por WhatsApp.”

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