Nos dias 16, 17 e 18 de março aconteceram grandes manifestações por todo o Brasil. Nos dois primeiros, as manifestações foram de cunho fascista e racista. No dia 18, as manifestações já foram em grande maioria a favor da “democracia” ou a favor desse governo comandado por uma sinhá búlgara (Dilma PT), sendo assim, igualmente racista.
Por Juliana Freire, do Canal Plá
“democracia seletiva, que comove pessoas pela ‘prisão’ de Lula, mas não comove pessoas pela prisão de Rafael, que foi forjada duas vezes”
O que eu, preta favelada, tiro desses dias? Nada. Pois dia 16 estava de luto pelos dois anos da morte de minha irmã Cláudia Ferreira. No dia 18, permaneci de luto pelo meu irmão Rafael Braga, que está vivo e esquecido por essa democracia seletiva, que comove pessoas pela “prisão” de Lula, mas não comove pessoas pela prisão de Rafael, que foi forjada duas vezes pelos cães do Estado genocida (PMERJ), que quando não nos arrasta feito Cláudias, nos encarcera e mata em vida atrás das grades de Bangu.
Como preta e moradora de favela, presenciei abusos por parte de policiais, a morte dos meus amigos de infância, chacina aos 11 anos de idade e quase todos os dias, até hoje, tiroteios e a morte de outros favelados em sua maioria esmagadora: negros. O que acontece em territórios de favela, acontece exatamente porque são territórios majoritariamente negro e indígena.
“Malcolm X: ‘Não importa o partido político. O preto inevitavelmente será devorado pelo sistema’”
Dilma assinou os papéis que davam aval para a entrada do exército brasileiro no complexo de favelas da Maré que foi responsável pelos tiros de 762 em Vitor Santiago, que ficou paraplégico. Uma vítima viva!
Diante disso, visto preto, cor do luto pela morte dos meus irmãos e cor da minha pele que sofre pelo genocídio do povo negro e indígena. Não levantarei bandeiras brancas, não enegrecerei espaços brancos e não torcerei por quem me bate menos e me dá migalhas. Com isso, deixo aqui uma das frases do meu irmão Malcolm X: “Não importa o partido político. O preto inevitavelmente será devorado pelo sistema”.
Juliana Freire, 21 anos, moradora do Complexo do Alemão e membro do coletivo de resistência comunitária quilombista de maioria negra e favelada Ocupa Alemão.