O racismo e as mulheres negras
Num contexto em que as reações antirracistas sacodem a boa consciência da comunidade planetária, deslocando episódios brutais do lugar monótono da trivialidade cotidiana para o campo do intolerável, pesquisa recente da consultoria IDados, divulgada nas últimas semanas, reafirma que o fosso social no Brasil tem um fundamento de exclusão invariável: o racismo. Mas, note-se: mesmo com os dados desfilando persistente e constrangedoramente à nossa frente, relutamos em juntar os pontos, procuramos atalhos para justificar a magnitude da desigualdade como forma de evitar o confronto com o racismo tal como ele é: profundo, estrutural, que perdura no tempo, se efetua a revelia das boas intenções, sobrevive com obstinação, o que demonstra como as camadas espessas da colonização e da escravidão até hoje cobrem o nosso tecido social, sobrevivendo com tenaz resistência aos humores dos tempos. Certamente, a pesquisa da IDados não traz nada de novo, mas serve de alerta, em contexto ...
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