Sete em cada 10 (70%) entrevistados associa a afirmação “o candidato deve ter boa aparência” às imagens da mulher negra com o cabelo alisado e do homem de cabelo raspado.
Mais da metade (53%) deles admitiu ter feito essas mudanças estéticas para fazer uma entrevista ou ser aceito no ambiente de trabalho.
“As consequências do racismo interferem diretamente na qualidade de vida e produtividade dos trabalhadores, ao ‘psicossomatizar’ em seus corpos, contribuindo para o adoecimento de talentos, e, ainda, fazendo com que o rendimento não seja desenvolvido tanto quanto poderia”, diz em nota Fernando Montenegro, sócio fundador da Etnus e idealizador da pesquisa.
Cinquenta e sete por cento (57%) dos profissionais negros ouvidos na pesquisa consideram que a indicação ou o envio de currículos para conhecidos que já trabalham na empresa é a opção mais eficaz para conseguir uma vaga.
O cadastro de currículos digitais ou pelo site do empregador só foi citado por 15%, enquanto o LinkedIn foi lembrado por 8%.
“Vemos muitas empresas postando vagas disponíveis, até mesmo de cunho operacional, e dizendo que não tem adesão, que não recebem currículos de pessoas negras. Essa realidade reforça nossas conclusões de que esta população acredita mais na indicação de amigos ou na entrega de CV impresso pessoalmente em agências de emprego físicas. A busca analógica está muito presente neste grupo”, avalia Montenegro.
Por outro lado, 57% disseram que buscam emprego principalmente em sites que disponibilizam vagas e 38% pedem indicação a amigos.
As políticas de inclusão racial são o quarto ponto mais observado pelos negros para considerar uma empresa ideal para se trabalhar, citadas por 38%.
O investimento no crescimento profissional do funcionário (72%), o pagamento em dia (71%) e a flexibilidade de horários (52%) lideram.
Entre os benefícios, o mais valorizado é o convênio médico (mencionado por 87%), seguido pelo vale-refeição (73%), vale-alimentação (45%) e vale-transporte para mais de uma condução (38%).