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As coisas são bizarras no nosso País, diz Joaquim Barbosa

Ministro relator reclama de delegado que comandou inquérito do mensalão na PF

Por: Carolina Martins

O ministro relator do mensalão, Joaquim Barbosa, se mostrou indignado nesta quarta-feira (12) com a postura do delegado da PF (Polícia Federal) que comandou o inquérito do mensalão, Luiz Flávio Zampronha.

As críticas foram feitas depois que o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, citou entrevista que o delegado deu a imprensa no mês passado, dizendo que a ré Geiza dos Santos, funcionária de uma das empresas de publicidade de Marcos Valério, não tinha o mesmo papel que os outros réus no suposto esquema de desvio e lavagem de dinheiro.

O revisor lembrou o fato ao iniciar seu voto sobre a acusação de lavagem de dinheiro que recai sobre Geiza. O ministro Joaquim Barbosa contestou o uso de entrevistas dadas à imprensa como prova e defendeu a suspensão do delegado.

— Veja como as coisas são bizarras no nosso país: um delegado preside um inquérito e quando o processo está sendo julgado ele vai à televisão e diz que fulano não fazia isso, ciclano não deveria estar no processo. Em qualquer país decentemente organizado um delegado desse estaria, no mínimo, suspenso.

O ministro Gilmar Mendes também se posicionou contra a citação de informações veiculadas pela imprensa como evidências no julgamento.

— Há argumentos suficientes nos autos, não há a necessidade de se tocar em depoimentos dados a jornais.

Ricardo Lewandowski, que trouxe o assunto à tona, reafirmou que não embasaria seu voto nas entrevistas, mas achou importante citar o caso. O revisor quis lembrar a situação, na visão dele, diferenciada de Geiza dos Santos.

Ela trabalhava na SMP&B e, de acordo com a denúncia, ajudava a distribuir recursos do valerioduto (suposto esquema de distribuição de propina por meio das empresas de Marcos Valério).

Mas, pelos argumentos apresentados em seu voto, Lewandowski dá a entender que considera Geiza inocente, alegando que ela apenas cumpria ordens dentro da empresa e não tinha conhecimento dos crimes.

 

 

Fonte: R7

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