Foto- Renan Mattos (Diário)
por Camila Gonçalves no DiárioSM
Depois de mais um caso de racismo dentro de uma universidade ter sido registrado em Santa Maria, nesta segunda-feira, um protesto em repúdio ao racismo foi realizado no hall do Conjunto III da Universidade Franciscana (UFN). Cerca de 200 pessoas, entre alunos de diferentes instituições de Ensino Superior, servidores e outras pessoas solidárias à causa, se reuniram no final da tarde. Durante o ato, os alunos gritaram o nome da vereadora e ativista do Movimento Negro, Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio de Janeiro, em março deste ano.
A coordenadora do curso de Jornalismo da UFN, Sione Gomes, reforçou o posicionamento da instituição e reprovou a conduta do autor da frase deixada no quadro.
– Este espaço deve primar pelo diálogo, pela construção do conhecimento. Como já foi referido pela nota da instituição, o ato fere ao código de ética dos jornalistas que coloca de uma forma muito explícita que é sim nosso dever enquanto jornalista primar por uma sociedade justa, buscar cada vez mais revelar situações que firam essas condições. O curso está aqui manifestando contrariedade a esta atitude, a nossa tristeza com essa manifestação racista em uma sala de aula nossa – defendeu a coordenadora.
A atividade foi realizada no dia seguinte à surpresa de alunos ao chegarem a uma sala de aula e encontrarem, no quadro, uma frase de cunho racista escrita. O caso aconteceu na noite de segunda-feira, na sala 606 do prédio 14, que abriga os cursos da Comunicação Social. Conforme um post feito no Facebook por um aluno da instituição, ele e um colega entraram na sala para pegar um celular que tinham deixado carregando. Ao chegarem ao local, depararam com a frase: “Dalhe! Capitão. Preto no tronco!“.
A UFN publicou, ainda nesta manhã, uma nota em repúdio ao caso, onde afirmou que iria investigar o ocorrido para, posteriormente, dar o encaminhamento às autoridades.
Logo após o ato, foram encontradas mais manifestações racistas nos cartazes espalhados nos elevadores da universidade que tinham as frases “Marielle presente” e “Racistas não passarão“. Os foram rabiscados a caneta com a escrita: “Chibata neles, capitão“.
Este é o sexto ataque de cunho racista registrado na cidade desde 2017 (leia mais detalhes abaixo). Os outros cinco ocorreram na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e são investigados pela Polícia Federal.
Uma das vítimas do segundo caso de racismo, registrado em setembro de 2017, o acadêmico de Direito da UFSM Elisandro Ferreira, 45 anos, esteve no ato da UFN e falou ao público.
– Quando eu cheguei na UFSM, eu entrei numa sala com 45 pessoas brancas. Eu era o único negro dentro de uma turma no curso de Direito. Quando eu sofri o ataque racista lá dentro, foi muito pesado para mim, porque foi direto, mas não era só a mim que eles estavam atingindo, era toda a comunidade negra da UFSM – disse Ferreira, que ainda lamentou a falta de resultados nas investigações dos casos.
A Polícia Federal ainda não concluiu os inquéritos que apuram os crimes na UFSM.
OUTRAS DENÚNCIAS